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Transcrição:

E aí, galera do “Time to Learn Portuguese”. Aqui é o Fabrício Carraro de novo, e o vídeo vai ser muito especial, porque eu quero mostrar para todos vocês os diferentes sotaques que existem dentro do Brasil.

Essa palavra “sotaque”, ela é um pouco particular do português, porque na maioria dos idiomas que eu conheço, você fala a palavra “acento”, então “accent” em inglês, “acento”, “accento”, “акцент”.

Então, na maioria das línguas se usa a palavra “acento”, mas em português você vai, na maioria das vezes, quase sempre, usar a palavra sotaque. E vocês sabem que o Brasil é um país gigantesco, com muitas regiões diferentes, que teve uma história diferente em cada região.

Eu contei um pouco disso daqui no vídeo que eu fiz sobre a história do português e da chegada do português no Brasil e as diferenças entre o português do Brasil e de Portugal, aqui no canal mesmo, você pode assistir também. Mas hoje eu quero especificar particularmente essas diferenças do sotaque que muda de região para região, de cidade para cidade também muitas vezes. E para isso, eu pedi para brasileiros de diferentes regiões, de diferentes partes do Brasil, para gravarem um vídeo falando as mesmas 10 frases, usando o sotaque natural deles, daquela região de onde eles são.

Então, tem pessoas do Sul do Brasil, do Sudeste, do Centro-Oeste, do Nordeste também. A gente só não teve ninguém da região Norte, mas eu espero que, depois desse vídeo, você entenda bem e consiga ter uma noção melhor das diferenças entre os sotaques dentro do Brasil. E você vai notar, com certeza, algumas particularidades que mudam de região para região, como as vogais, como elas são pronunciadas, também algumas consoantes como o ‘D’, o ‘T’, o ‘R’, o ‘S’, e no final do vídeo eu vou pedir para você me contar qual é seu sotaque preferido do Brasil e por quê.

Eu pessoalmente, Fabrício, eu sou da região de São Paulo, mas não da cidade de São Paulo. Eu cresci em Santo André, que é uma cidade que fica ao lado de São Paulo, e o sotaque já muda um pouco, principalmente da letra ‘R’, que em São Paulo (capital), geralmente é comum o “R enrolado”, que em inglês eles chamam de “rolled R”, quando ele vem antes de uma consoante no final de uma sílaba ou também no final de uma palavra.

Então, a palavra “porta”, por exemplo, é com esse “rolled R”, o “R enrolado” – “porta”. Isso na cidade de São Paulo. Mas no estado de São Paulo no final de uma sílaba ou também no final de uma palavra. Então, a palavra “porta”, por exemplo, é com esse “rolled R”, o “R enrolado” – “porta”. Isso na cidade de São Paulo. Mas no estado de São Paulo isso muda um pouquinho, e onde eu cresci, a gente usa o “R retroflexo”, que é o ‘R’ muito usado do inglês. Então, eu com os meus amigos, com a minha família, provavelmente falaria “porta”, não “porta”, mas “porta”.

É bem estranho, bem diferente, e para alguma dessas frases eu vou dar as duas versões: a versão de São Paulo (capital) e a versão mais do estado de São Paulo, que é como eu falaria mais naturalmente, provavelmente. E eu queria, é claro, também agradecer a todos esses meus amigos, conhecidos, que mandaram os vídeos aqui para serem analisados por mim. Então, a gente pode começar já com a primeira dessas frases:

  • “Eu tenho vinte e cinco anos.”

Bom, vocês viram aqui essa primeira frase falada por todos, de estados diferentes, de regiões diferentes, e eu vou analisar algumas coisinhas para cada uma dessas frase. Começando por essa frase aqui, uma coisa que vocês notaram é que, quando a gente fala rápido, a gente meio que junta algumas palavras, elas se aglutinam. Então, na frase: “Eu tenho vinte e cinco anos”, é possível que, se a pessoa falasse essas palavras de uma maneira mais pausada, mais lenta, ela pronunciasse de uma maneira diferente.

Por exemplo, na maioria das regiões, a gente usa o “T palatalizado” quando a próxima vogal é um “i” ou um “e” átono, ou seja, um “e” que tem som de “i” para a gente. Isso é uma coisa que acontece. O “e” átono, que ele não tem tonicidade, ele não tem o estresse, ele é pronunciado na maioria das vezes como “i”. E quando isso acontece, a maioria das regiões pronuncia a letra ‘T’ anterior palatalizada, ou seja, não fala “vinte’ ou “vinti”, fala “vinte”. O ‘t’ vira um ‘tch’.

Mas vocês viram aqui que ninguém falou dessa maneira, e isso acontece porque a gente juntou a palavra “vinte” e a palavra “cinco”. Então, o resultado foi algo como “vintsinco”, “vin – tsinco”.

Então, ele vira um “ts” ali no meio, simplesmente porque eles juntaram as palavras. Eu também junto as palavras falando rápido. Se eu falasse devagar, eu falaria “vinte e cinco”, com esse “tch” ali.

Mais um ponto: a palavra “anos”, para você falar da sua idade, ninguém fala “anOs”, com a letra “o”. Esse “o”, ele vira uma letra “u”. Isso é muito comum. Assim como o “e” vira “i”, o “o” é muito comum virar “u”, principalmente no final de uma palavra. Então, ninguém fala “anOs”, todo mundo fala “anus” com o som de “u”, o som da letra “u”.

Mas, se você notou, teve dois estados, duas pessoas, que falaram “anush”. Eles fazem o “chiado” na letra ‘S’. Isso é uma coisa muito comum no Rio de Janeiro, é o traço mais característico do sotaque do Rio de Janeiro, e algumas outras regiões também, a gente vai ver isso aqui, e também de Pernambuco. Então, tanto a pessoa do Rio de Janeiro quanto a pessoa de Pernambuco falaram “anush” – “Eu tenho vinte e cinco anos”, fazendo esse ‘S’ final chiado. Vamos agora para a segunda frase:

  • “Os tomates (es)tão na cozinha.”

Bom, na segunda frase tem duas coisas que eu queria que vocês percebessem. A primeira é o artigo definido “os”, que todo mundo fala como “us”. Exatamente como “anos” – “Eu tenho vinte e cinco anos”, todo mundo fala “anus”, com o som de “u”. Aqui, ninguém fala “os tomates”, falam “us tomates”, e algums estados: Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e Ceará, eles usam o chiado ali nesse “us”.

Então, em vez de “us”, eles falam “ush”. E a outra coisa é sobre a palavra “tomates” e o plural dela. Você vai notar que muitas das pessoas, eles não falam “TOMATES”. Na verdade, ninguém fala “TOMATES”. Você também corta, você meio que abrevia isso. Então, o Rio Grande do Sul e Goiás falaram “tomats”, “tomats”. Já em São Paulo e em Minas Gerais (e algumas outras regiões) é muito comum você cortar o plural das palavras. Então, você não fala “os tomates”, você fala “os tomate” – “Os tomate tão na cozinha”. Então, você tira o plural na fala mais rápida, mais natural.

E aí, o Rio de Janeiro e a Bahia adicionam o “chiado” além disso, então fica “ush tomatsh”, algo mais ou menos assim. E o Ceará e Pernambuco têm uma coisa a mais de interessante, que eles não falam “tomates”, eles falam “tumates”. Eles trocam a letra “o” pela letra “u”, e também adicionam o “chiado”. Então, fica algo como: “ush tumatsh”. Vamos para a frase número 3:

  • “Cadê as minhas coisas?”

Nessa frase são duas coisas principais. Você vai notar que, de novo, São Paulo e Minas Gerais omitiram o plural, eles comeram o plural. Então, a gente não fala “as minhas coisas”. Quando você fala mais rápido, você fala: “Cadê as minhas coisa?”. Então, em vez de “coisas” – “coisa”. Isso é muito comum. E se você escutar com atenção, você vai notar que muitas vezes o artigo definido “as” também vai desaparecer. Então: “Cadê minhas coisa?” – “Cadê ‘ minhas coisa?”. Ele praticamente desaparece.

E aí, a gente vai ter Rio Grande do Sul, Goiás, Bahia e Ceará pronunciando os ‘S’s normais, a letra ‘S’ normal. Então: “as minhas coisas”. E o Rio de Janeiro e Pernambuco adicionaram o “chiado” aqui, então ficou “ash minhash coisash.” Vamos para a frase número 4:

  • “Eu perdi o isqueiro na esquina da escola.”

Sobre essa frase são 4 pontos. O primeiro, é que todo mundo reduz o “e” para “i” nas palavras “esquina” e “escola”. Ninguém fala “esquina” e “escola”. Todos falam “isquina” e “iscola”. Tem uma consoante junto com a letra “e” ali na sílaba e isso acontece. O segundo ponto é da letra ‘S’ novamente. Você vai notar que praticamente todos falaram “isqueiro”, “esquina” e “escola” com o ‘S’ normal, mas Rio de Janeiro e Pernambuco adicionaram o “chiado” aí, e isso é uma frase que é muito característica do Rio de Janeiro. Se você quer saber se uma pessoa é do Rio de Janeiro (ou de Pernambuco também), você pede para ela falar essa frase, e você vai notar esse “chiado” bem característico de: “ishqueiro na ishquina da ishcola”.

Além disso, a gente tem a questão da letra ‘R’ no meio da palavra “perdi”. Ela é pronunciada de maneiras diferentes, dependendo do estado. Se você escutar com atenção, você vai perceber que Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Ceará e Pernambuco, eles pronunciam um ‘R’ mais raspado.

Ali, a gente tem um ‘R’ no final de uma sílaba com uma consoante depois, eles pronunciam um ‘R’ mais gutural. Então é “perdi” ou “perdi”, algo mais ou menos assim. Já o Rio Grande do Sul vai usar o “R enrolado”, o “rolled R” – “perdi”. São Paulo (capital) também pode falar assim, “perdi”, mas São Paulo mais interior e outras regiões, vão usar o “R retroflexo” – “perdi”, assim como Goiás, que também fala “perdi”, com esse ‘R’ americano retroflexo.

E claro, eu estou falando aqui só sobre essas pessoas. Isso pode mudar de pessoa para pessoa. Pode mudar dependendo se a pessoa mora no sul do estado, no norte do estado. Em Minas Gerais, por exemplo, você também pode escutar o ‘R’ retroflexo – “perdi”. Isso vai depender exatamente da cidade, da região de onde a pessoa é. Aqui, no nosso exemplo, a Laís, ela usou o “R raspado” – “pehdi”. E outra coisa ainda sobre essa palavra é a letra ‘D’: como Pernambuco, ele não faz a palatalização da letra ‘D’. Todos os outros falam “perdi”, o “d” vira um “dj”, mas em Pernambuco isso não acontece, mesmo quando tem uma letra “i” depois, então ele fala “perdi”, com o ‘R’ raspado e o ‘D’ duro. Vamos ver agora a quinta frase:

  • “O hotel fica na orla da praia, com vista pro mar.”

Aqui tem alguns pontos interessantes. O primeiro é que todos pronunciam a letra ‘L’ no final de “hotel” com o som de “u”. Então, ‘L’ no final de uma palavra sempre é pronunciado com o som de “u”. E também, novamente, a gente vai falar sobre a letra ‘R’, que ela é muito importante. O Rio Grande do Sul vai usar o ‘R’ enrolado nas palavras “orla” e “mar”. São Paulo, como eu digo, pode usar o ‘R’ enrolado, mas pode usar o ‘R’ retroflexo também – “orla” e “mar”. Goiás vai usar o ‘R’ retroflexo – “orla” e “mar”. Rio de Janeiro e Minas Gerais usam o ‘R’ raspado, então “orla” e “mar”. E aqui, Bahia, Pernambuco e Ceará, eles usam o ‘R’ raspado para a palavra “orla”, então “orla”. Mas na palavra “mar”, eles omitem a letra ‘R’. Isso é uma coisa muito comum nos sotaques da região Nordeste.

Quando você tem uma letra ‘R’ no final de uma palavra, ela muitas vezes é omitida. Isso vem de razões histórias, das misturas linguísticas do português com as linguagens indígenas, com as linguagens dos imigrantes, com as linguagens dos escravizados também. Então, é uma coisa que você vai notar bastante. Então, eles não falam “mar” ou “mah”, eles falam “ma” – eles cortam o ‘R’ final. E também, a gente tem a palavra “vista”, que aqui a gente tem Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e Ceará, que vão usar o ‘S’ chiado, então eles falam “vishta”, mas os outros, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, vão usar o ‘S’ normal – “vista”. Vamos agora para a sexta frase.

  • “O doce de leite (es)tá do lado da porta.”

Nessa sexta frase tem uma coisa muito interessante que vai juntar um estado bem do Sul com um estado do Nordeste do Brasil. Começando aqui, você vai notar que a letra “o” é pronunciada como “u” nas palavras “do” e “lado”, isso para todo mundo. Mas você vai notar também que a letra “e” se transforma em “i” para todos, menos para o Rio Grande do Sul, nas palavras “doce”, “de”, “leite”. Para essas 3 palavras, em todos os outros estados, esse “e” do final, ele vai ser pronunciado como “i”, porque o “e” no final, quando ele é átono, ele é pronunciado como “i”. Mas no Rio Grande do Sul, vocês vão notar que isso não acontece. Ele praticamente é omitido. Então, ele fala: “doc d leit”, “doc d leit”, algo mais ou menos assim. A letra “e” é praticamente omitida, ela não vira “i”.

E por causa disso, você vai ver que não ocorre a palatalização, tanto da palavra “de” quanto da palavra “leite”, nem no Rio Grande do Sul, nem em Pernambuco, que são estados que ficam muito longe, muito longe mesmo no Brasil, mas eles têm essa característica em comum, que em nenhum dos dois a letra ‘D’ e a letra ‘T’ vai ser palatalizada. Então, em São Paulo, por exemplo, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, todos os outros vão falar “doci dji leitchi”. Então, a letra “d” vira “dj”, e a letra “t” vira “tch” – “leite”.

Mas no Rio Grande do Sul, como o “e” é praticamete omitido, fica “doc d leit”, então o ‘D’ duro e o ‘T’ duro. E em Pernambuco, a letra “e” no final, ela vira “i”, ela se transforma em “i”, mas em Pernambuco não ocorre essa palatalização praticamente nunca. Então, ele vai falar “doci di leiti”, bem claramente, de uma forma bem dura, pronunciando a vogal. A gente tem também, de novo, a questão da letra ‘R’ na palavra “porta”, que ela vai ser pronunciada com ‘R’ raspado em Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Ceará, então “porta”. No Rio Grande do Sul é o ‘R’ enrolado – “porta”.
Em São Paulo pode ser também o ‘R’ enrolado – “porta”, ou o “R retroflexo” – “porta”, e em Goiás vai ser o ‘R’ retroflexo – “porta”. E uma última coisa aqui sobre essa frase é que se vocês escutarem com atenção, vocês vão notar que ela é reduzida quando ela é falada muito rápida, em alguns estados um pouco mais do que os outros. Então, em vez de falar “do lado da porta”, alguns vão falar “do la’ da porta”. Então, tem um pulo ali, né? “do la’ da porta”. Para não ficar “Do laDo Da”. Vamos agora então para a sétima frase:

  • “Isso é muita emoção pro meu coração.”

Essa frase tem só 3 observações. A primeira é que vocês provavelmente notaram que a gente junta o final da palavra “muita” com o começo da palavra “emoção”. Tem a vogal “a” no final de “muita”, a vogal “e” no começo de “emoção”, e isso é falado de uma maneira mais rápida como: “muitæmoção”, “muitæmoção”. E além disso, a parte mais interessante aqui é como as vogais são pronunciadas. É algo que a gente ainda não comentou até agora, mas se você escutar com atenção
você vai perceber que Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás pronunciam as palavras “emoção” e “coração” com o “o” fechado. Então, “emôção”, fechado. “Côração”, também fechado, “ô”, “ô”, “õ”.

Mas os estados do Nordeste, que são Bahia, Pernambuco e Ceará, eles vão pronunciar isso com o “o” aberto”, então “emóção”, “córação”. Isso é uma diferença muito característica dos sotaques mais da região central e sul do Brasil para os sotaques mais da região Nordeste do Brasil, como essas vogais são pronunciadas, fechadas ou abertas. E também, uma coisa a se notar é que Pernambuco e Ceará, eles também usam o “e” aberto. Todos os outros usaram…falaram “êmoção”, “ê”, com “e” fechado. Mas Pernambuco e Ceará falam “émoção”, com o “e” aberto – “émoção”. Vamos agora então para a frase número 8:

  • “A minha tia adora torta de banana.”

Ela também vai ter 3 observações. A primeira é a palavra “tia”, que todos fazem a palatalização dessa palavra. Então, da letra “t” pronunciada como “tch”, porque tem uma letra “i” depois, exceto Pernambuco, que em Pernambuco nunca ocorre essa palatalização, então vão falar “tia” e não “tchia”, eles usam o ‘T’ duro.

Além disso, a gente tem novamente a questão da letra ‘R’ aqui na palavra “torta”, que Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Ceará vão usar o ‘R’ mais raspado, então “torta”. Rio Grande do Sul vai usar o ‘R’ enrolado – “torta”. São Paulo também pode usar o ‘R’ enrolado – “torta”, mas pode usar o “R retroflexo” – “torta”, e Goiás vai usar o ‘R’ retroflexo – “torta”.

E uma última coisa, também sobre vogais aqui, é na palavra “banana”, que se você notar, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás pronunciam o primeiro “a” da palavra “banana” aberto, então “bánana”. Já os estados do Nordeste, Bahia, Pernambuco e Ceará, vão pronunciar ele fechado, então vão falar “bânana”. Isso também é uma diferença muito característica dos sotaques mais do centro para o sul dos sotaque mais do centro para o norte e nordeste.

  • “Os carros aqui são diferentes.”

O primeiro ponto que você vai notar é que, falando rápido, você não pronuncia o ‘S’ final da palavra “carros” solto. Como a próxima palavra começa com uma vogal, as palavras são aglutinadas, elas se juntam.

Então, “os carros aqui” vira “os carrosaqui”. É como se fosse uma palavra só, “carrosaqui”. Você vai notar novamente que São Paulo e Minas Gerais vão omitir o plural, que é uma coisa muito comum nessas regiões. Então, em vez de falar “os carros são diferentes”, essas duas regiões geralmente vão falar “os carro são diferente”. Mas as outras regiões, é claro, vão falar “carros”, “diferentes”, e aí, esse “diferentes” no final pode ser um “ts” também, um “diferents”, omitindo a letra “e”, isso é muito comum. E outro ponto é sobre a palavra “diferentes”, que todo mundo vai fazer essa palatalização da letra “D’, então o “d” vira “dj”, porque tem uma letra “i” depois – “djiferentes” – exceto Pernambuco, que é claro, novamente, não ocorre essa palatalização, então eles falam “diferentes”.

E além disso, você pode notar também da mudança da vogal, de como ela é pronunciada, a primeira letra “e” dessa palavra “diferentes”, que em Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás ela é um “e” fechado – “difêrentes”, mas novamente nos estados do Nordeste, é um “e” aberto. Bahia, Pernambuco e Ceará: “diférentes”. Então “ê” – “difêrentes”; “é” – “diférentes”. A diferença do “e” fechado para o “e” aberto. Mas vamos finalmente para a frase número 10, a última:

  • “Naquele dia a gente (es)tava cortando o cabelo.”

E sobre essa última frase eu tenho 4 considerações. A primeira é novamente a letra ‘D’- “naquele dia”. A palavra “dia”, todos os estados fazem essa palatalização, a mudança de “d” para “dj”, porque tem uma letra “i” depois, exceto, como sempre, Pernambuco, onde não existe isso. Então, eles falam “dia” e não “djia”. Outro ponto interessante é da palavra “cortando”, uma palavra no gerúndio aqui, né?

O tempo “Continuous” do inglês seria mais ou menos equivalente a esse. O primeiro ponto é que você vai notar que, falando rápido, a letra “d” do final, muitas vezes ela pode ser omitida, para qualquer gerúndio em português. Não só essa palavra, mas qualquer verbo no gerúndio. Então, em vez de falar “cortando”, muitas pessoas falam “cortanu”. Então, além de a letra “o” no final ter um som de “u”, porque é um “o” no final, a letra “d”, ela desaparece. Então, para outros verbos também: “fazendo”, ele é pronunciado “fazenu” mais naturalmente. “Comendo”, é pronunciado “comenu”.

Isso, é claro, não acontece com a mesma proporção em todas as regiões. Aqui nesse vídeo, você pode notar isso com mais clareza em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, mas eu acredito que praticamente todo o Brasil faça isso em alguma forma um pouco maior ou um pouco menor, quando você está falando um pouco mais rápido. Além disso, a gente tem novamente a questão do ‘R’, dessa palavra, que Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Ceará vão usar o ‘R’ raspado, então “cortando”. Rio Grande do Sul vai usar o ‘R’ enrolado – “cortando”.

São Paulo também pode usar esse ‘R’, mas pode usar também o “R retroflexo” – “cortando”, e Goiás, como sempre, vai usar o ‘R’ retroflexo “cortando”. E por último aqui, o último ponto, é sobre, novamente, as vogais, que aqui a gente notou que quase todos os estados vão pronunciar a primeira letra “o” dessa palavra com o “o” fechado – “côrtando”, mas os estados do Nordeste, principalmente aqui Pernambuco e Ceará, vão pronunciar com o “o” aberto, então “córtando”.

Mas é isso, pessoal! Espero que vocês tenham aprendido muito aqui, que vocês tenham entendido essas principais diferenças. É claro que faltaram muitos outros estados, faltaram os estados o Norte como Amazonas, Pará, Acre, etc. Também faltaram alguns outros estados do Centro, do Nordeste, do Sul…Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, etc. Infelizmente, né?

Mas senão também o vídeo ia ficar muito grande, e aqui você já consegue ter uma idea mais geral de como funciona essa questão no Brasil e quais são as principais diferenças que mudam de um estado para o outro. E eu quero que você deixe aqui nos comentários desse vídeo qual é o seu preferido, (de) qual você gostou mais e por quê. E também, qual você está aprendendo, se você está aprendendo algum sotaque mais específico, ou se você simplesmente quer aprender um sotaque mais neutro brasileiro.

E como eu sempre falo, se você quer realmente aprender português de uma maneira eficiente, você que está começando, ou já está em um nível mais intermediário, quase avançado, você pode baixar aqui o meu ebook e audiobook totalmente grátis: “Como Aprender Português” tanto aqui no vídeo do Youtube, quanto na “Bio” da minha página do Instagram também, @timetolearnportuguese, e lá você vai ter 40 minutos de áudio, quase, no audiobook, e no ebook você vai ter a transcrição completa em português.
Então, você vai poder escutar o audiobook lendo o ebook ao mesmo tempo, porque esse é um grande método para você aprender uma língua, fazer essa leitura e escuta ao mesmo tempo. Mas se você não entender alguma coisa, também no ebook a tradução completa de todo o texto para o inglês. É só você entrar aqui no site, se inscrever lá, que eu vou mandar o ebook e o audiobook totalmente grátis no seu email.

E se você ficou até aqui, tem um bônus especialíssimo para você, que não é tanto parte desse vídeo, porque o foco desse vídeo eram os sotaques diferentes das regiões do Brasil, mas eu pedi para a minha amiga Manu, que já participou de um vídeo aqui no canal, para ela gravar como essas frases seriam pronunciadas, seram ditas em Portugal.

Você vai notar que ela mudou algumas estruturas, algumas palavras, porque, como eu já falei anteriormente, tem algumas coisas que mudam entre o português do Brasil e o português de Portugal, gramaticalmente também. Mas só para vocês terem um brinde, um bônus aqui, e uma curiosidade também para saber como uma pessoa de Portugal falaria essas frases. Então fiquem agora com a Manu aqui rapidinho:

  • Eu tenho 25 anos.
  • Os tomates estão na cozinha.
  • Onde estão as minhas coisas?
  • Eu perdi o isqueiro na esquina da escola.
  • O hotel fica à beira da praia, com vista para o mar.
  • O doce de leite está do lado da porta.
  • Isto é muita emoção para o meu coração.
  • A minha tia adora tarta de banana.
  • Os carros aqui são diferentes.
  • Naquele dia estávamos a cortar o cabelo.

Legal, né? E se você gosteram, deem um Like, manda um comentário, se inscreve aqui no canal que sempre ajuda muito, e até a próxima, pessoal!
Tchau tchau!