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Transcrição:

E aí, galera do Time to Learn Portuguese. Aqui é o Fabrício Carraro de novo. E o vídeo de hoje vai ser um pouco diferente. Nesse vídeo você, junto comigo, vai analisar algumas cenas de um dos filmes brasileiros mais famosos da história – não só brasileiros, mas também do mundo.

Ele é considerado um dos melhores filmes já feitos na história. No site IMDB, por exemplo, ele é o filme número #22 com a nota mais alta entre todos os filmes já feitos. É realmente uma honra estar num lugar tão alto assim. E claro, foi uma obra fantástica do diretor Fernando Meirelles.

Mas bom, a gente vai aprender português junto com esse filme aqui hoje, Cidade de Deus, e a gente pode começar já com a primeira cena do filme.

Uma fotografia podia mudar a minha vida, mas, na Cidade de Deus, se correr, o bicho pega e se ficar, o bicho come.

Aqui, eu queria destacar principalmente essa expressão que ele usou: “SE CORRER, O BICHO PEGA, E SE FICAR, O BICHO COME”, que é uma expressão muito divertida e bastante usada em português. Ela indica que você está em uma situação muito complicada, um dilema talvez, ou seja, uma situação que não tem uma solução fácil, que não tem uma saída fácil.

E aí, quando você estiver em uma situação assim, que não importa qual decisão você tomar, o resultado provavelmente vai ser ruim de qualquer forma, você pode dizer dizer: “Se correr, o bicho pega (ou seja, um animal, né, algum bicho vai te pegar) e se ficar, o bicho come (o animal vai te comer)”. É uma expressão divertida, mas muito útil.

Vamos pra segunda cena.

E sempre foi assim, desde que eu era criança. Você é muito frangueiro, cara. Vai buscar a bola! Ah, que é isso.

Nessa cena aqui, eu vou destacar três coisas. A primeira é: quando você quer dizer que alguma coisa acontece frequentemente, há muito tempo, você pode usar essa expressão “DESDE” ou “DESDE QUE”, que na fala, a gente geralmente pronuncia como “DESDE QUE”. E ele fala, né: “Sempre foi assim, desde que eu era criança.”, ou seja, quando ele era criança, essas coisas
já aconteciam dessa forma, e hoje, que ele já é adolescente, quase adulto, elas ainda acontecem dessa forma. Então, “desde aquela época”, “desde que ele era criança”, as coisas são assim.

A segunda coisa é quando você vai indicar uma década. Você viu ali indicando “anos 60”, que em inglês seria “the 60s”, “the 70s” e assim por diante. Em português, a gente indica isso com “anos 60”, “anos 70”, “anos 80”; ou então, “a década de 60”, “a década de 70”, “a década de 80”.

E a última coisa aqui que eu vou destacar é que o menino reclama que ele é muito “FRANGUEIRO”. Essa é uma expressão relacionada ao futebol que, é claro, é uma paixão nacional muito grande no Brasil, a maioria dos meninos jogavam e ainda jogam futebol e algumas meninas também.

E aí, existe a expressão “tomar um frango”, que é basicamente quando o goleiro toma um gol muito bobo, muito fácil. O atacante chutou de uma maneira qualquer, uma maneira fraca talvez, e mesmo assim o goleiro sofreu aquele gol, tomou aquele gol. Então, você pode dizer que ele “tomou um frango”, e aí, um goleiro que é muito ruim, que ele sempre toma frangos, ele pode ser chamado de um goleiro “FRANGUEIRO”. Mas vamos agora pra terceira cena.

“Aí, ô, menor. Passa a bola pra cá, porque eu quero jogar. Tu é surdo? Tá me fazendo de bobo você? Me erra! Como é que é teu nome, rapaz?”

Desculpa aí, esqueci de me apresentar.

“Buscapé”.

“Aí Buscapé, vou te dar um conselho. Não deixa o Dadinho pegar nessa bola não, que ele é mó perna de pau.”

Nessa cena, eu também vou destacar três coisas. A primeira é que, quando esse outro menino chega, o Dadinho, e aí, tem o menino com a bola, ele joga a bola pro Buscapé, mas o Dadinho fica bravo. Ele fala: “Quer me fazer de bobo?”. Essa expressão “FAZER (alguém) DE BOBO”, ela indica que você está tratando essa pessoa como se ela fosse boba, como se ela fosse idiota. Você não está tratando essa pessoa com seriedade, com respeito, não! É o contrário. Você está fazendo ela de boba ou fazendo ele de bobo.

O segundo ponto e o terceiro ponto estão na mesma frase, que é quando o Bené fala pra não deixarem o Dadinho jogar bola porque ele é “MÓ PERNA DE PAU”. Aqui, o segundo ponto seria esse “MÓ”, que ele é basicamente uma forma informal de dizer “muito”, e ele é usado principalmente com adjetivos. Então, você diria, por exemplo: “Essa casa é muito bonita”. Você poderia dizer de uma maneira mais informal: “Essa casa é mó bonita”. Ou então: “Esse carro é muito caro”. Você poderia dizer: “Esse carro é mó caro”. Ela é muito usada na fala, de maneira informal, mas as pessoas não escrevem assim.

E o terceiro ponto é essa expressão “PERNA DE PAU”, que também é relacionada com o futebol, que é um jogador muito ruim ou uma pessoa que joga futebol muito mal. Você fala que ela tem a perna de pau. Essa palavra “pau” significa madeira. Ou seja, ela tem a perna como se fosse de madeira, ou seja, não consegue correr, não consegue fazer muitas coisas bonitas jogando futebol. Então, ele é um “perna de pau”. Mas vamos pra quarta cena.

“Perdeu, mané!”

Esse cara aí é o Cabeleira. Pra eu contar a história da Cidade de Deus, eu preciso começar por ele. Só que pra contar a história do Cabeleira, eu tenho que começar com a história do “Trio Ternura”.

“Qual é, Cabeleira! O caminhão de gás está chegando aí. E aí, vai ficar de bobó? Não acredito que vai negar fogo.”

Nessa cena eu também vou destacar três pontos. O primeiro é a expressão “CARA”, que ela é muito usada todos os dias praticamente, que é uma maneira mais informal de dizer “menino” ou “homem”. Em inglês, seria como “a guy” ou “a dude”. Em português a gente usa essa palavra “CARA”.

A segunda coisa é a expressão “SÓ QUE”, que ela também é um jeito mais informal de dizer “mas”, né, uma contradição: “MAS”, “PORÉM” ou “SÓ QUE”.

E a terceira coisa é uma expressão que eles dizem, né: “Não acredito que vai negar fogo”. Essa expressão “NEGAR FOGO” quer dizer que você vai desistir de fazer alguma coisa, você não vai fazer aquela coisa. Ela não é muito usada, porque ela é muito informal, mas pode ser usada em alguns contextos. Vamos pra quinta cena.

O famoso Trio Ternura fez história na Cidade de Deus: Cabeleira, Alicate e Marreco. Atrás do Trio Ternura ia sempre Dadinho e Bené, que era irmão do Cabeleireira. Eu nunca tive coragem de seguir o meu irmão.

Aqui, eu vou destacar dois pontos. Ele diz primeiro: “O famoso Trio Ternura fez história na Cidade de Deus”. Essa expressão “FAZER HISTÓRIA” significa que eles fizeram coisas muito importantes, ou então que eles foram muito famosos num determinado período.

E a outra coisa é a expressão “TER CORAGEM (de fazer alguma coisa)”. Você diz que você “teve coragem” ou “não teve coragem” de fazer uma coisa, você está dizendo que você foi valente, que você foi bravo o suficiente pra fazer essa coisa, ou então que você não foi. Vamos pra sexta cena.

Naquele tempo, eu pensava que os caras do Trio Ternura eram os bandidos mais perigosos do Rio de Janeiro, mas eles não passavam de um bando de pés de chinelo.

Aqui, a gente vai ver duas frases. Primeiro, ele disse: “Eu pensava que eles eram…”, né? Aqui usando o verbo “PENSAR” no Pretérito Imperfeito, tem uma conjugação muito fácil: eu pensava, você pensava, ele pensava, nós pensávamos, vocês pensavam e eles pensavam. Também poderia ter usado o “ACHAR” aqui com o mesmo sentido, né, de “pensar”, achar, ter uma opinião. “Eu achava que eles eram”, “Você achava que eles eram” e assim por diante.

E a segunda frase é mais complicada, porque ele diz: “Eles não passavam de um bando de pés de chinelo.” Primeiro, essa “ELES NÃO PASSAVAM DE…” significa “eles eram apenas”, “eles eram só” um bando de “pés de chinelo”, ou seja, não eram mais do que isso. Depois, a gente tem “UM BANDO DE…”, que é uma maneira mais informal e talvez até pejorativa, né? Um jeito de você falar mal de um grupo de coisas, ou seja, é um sinônimo de “grupo”. Então, “um grupo de…”, mas quando você quer falar mal sobre essa coisa geralmente.

E aí, por último, a expressão “PÉ DE CHINELO” é usada quando você quer falar que alguém ou alguma coisa é muito pobre, é muito sem valor. Ou seja, nesse contexto aqui, o Buscapé falou que primeiramente, naquela época, ele pensava, ele achava que o Trio Ternura era um grupo de bandidos, de criminosos muito perigosos, mas agora, hoje em dia, ele sabe que, na verdade, eles eram muito pobres, muito sem valor, bandidos muito simples. Vamos então pra cena número 7.

Inclusive o meu irmão Marreco.

“Leva esse dinheiro aqui pro pai. Ó, mas não fala que fui eu que mandei não, tá bom? Valeu? Toca aí!”

“Ô, Barbantinho! Vem, vem cá, bora!”

Aqui a gente vai ver dois pontos. Primeiro, ele diz: “inclusive o meu irmão Marreco” (é o nome do irmão dele, o apelido do irmão dele, na verdade). E aí, “INCLUSIVE”, né? Ele está falando que o irmão dele também era uma parte desse grupo, mas que ele também era pé de chinelo, ele também era um ladrão muito simples, muito sem valor, incluindo ele, inclusive ele.

E por último, ele diz: “Bora!”, que é uma expressão muito usada pra gente dizer “Vamos!”, é uma maneira mais informal de chamar alguém pra ir pra algum lugar ou pra ir fazer alguma coisa, né? Então, você pode dizer “Vamos!”, mas você também pode dizer de maneira informal: “Bora!”. Agora vamos ver a oitava cena.

A gente chegou na Cidade de Deus com a esperança de encontrar o paraíso. Um monte de famílias tinham ficado sem casa por causa das enchentes e de alguns incêndios criminosos em algumas favelas.

Aqui a gente vai ver quatro pontos. Como eu acabei de dizer aqui agora, o primeiro é, ele diz: “A gente chegou na Cidade de Deus”. Essa expressão aqui, o “A GENTE”, ela é muito usada na fala, muito mais do que o sinônimo dela, que é “NÓS”. Ela é uma maneira mais informal de dizer “nós”. Então, ele poderia dizer: “A gente chegou”, com essa conjugação igual da terceira pessoa do singular, né? (“Ele chegou”, “a gente chegou”), ou também poderia dizer: “Nós chegamos”. As duas versões são corretas, mas a primeira é muito mais usada na fala e na escrita informal entre amigos.

O segundo ponto é essa expressão “UM MONTE DE…”. Ele diz: “um monte de famílias”, que é um sinônimo também mais informal de “muitos” ou “muitas”. Então, “um monte de famílias” é a mesma coisa que “muitas famílias”.

O terceiro ponto são esses desastres naturais ou não naturais que ele menciona. Um deles é a “ENCHENTE”, que em inglês seria “flood”, e aí, é quando tem muita água, a água vem e sobe mais alto do que o nível das casas, por exemplo, e aí, as pessoas têm que sair das casas delas.

O outro é o “INCÊNDIO”, que é quando tem fogo, pega fogo nas casas, e aí, também, as pessoas têm que sair de casa.

E por último, ele menciona “FAVELA”, que isso, eu acho que você já conhece, mas são esses grupos de casas, geralmente muito pobres – não sempre, mas muitas vezes muito pobres – que existem em muitos países do mundo, como por exemplo no Brasil, no Rio de Janeiro e em outras cidades do Brasil também. Mas vamos agora pra nona e última cena.

A rapaziada do governo não brincava. “Não tem onde morar? Manda pra Cidade de Deus.” Lá não tinha luz, não tinha asfalto, não tinha ônibus, mas pro governo dos ricos, não importava o nosso problema. Como eu disse, a Cidade de Deus fica muito longe do cartão postal do Rio de Janeiro.

E nessa última cena a gente vai ver três pontos. O primeiro, ele diz: “A rapaziada do governo”. Esse termo “RAPAZIADA” é um coletivo de “rapaz”, é basicamente a mesma coisa que “as pessoas do governo”, “os homens do governo”, “os rapazes do governo”. Tem essa ideia.

E aí, ele diz “não tinha luz, não tinha asfalto, não tinha ônibus”. “NÃO TINHA”, né, a gente tem aqui o verbo “ter” também no Pretérito Imperfeito. Então, “eu tinha”, “você tinha”, “ele tinha”, “nós tínhamos”, “vocês tinham” e “eles tinham”.

E aqui, “não tinha luz”, “LUZ” pode ser realmente a luz do sol, por exemplo, ou pode ser um termo usado para “energia elétrica”, né, não tinha eletricidade.

Também não tinha “ASFALTO”, que é essa coisa com a qual você cobre o chão, a terra, pra você poder dirigir de uma maneira mais confortável. E aí, o “ÔNIBUS” é o meio de transporte.

E por último, ele diz que ficava “longe do cartão postal do Rio de Janeiro”, né? Um “CARTÃO POSTAL” é um pedaço de papel com uma foto de um lugar muito famoso, geralmente um lugar muito bonito. E aí, atrás, você escreve uma carta pra alguma pessoa e manda esse “cartão postal” quando você está visitando esse lugar.

Mas esse termo também pode ser usado para se referir simplesmente a esse lugar muito bonito, muito famoso. Por exemplo, “A Praia de Copacabana é um cartão postal do Rio de Janeiro”, “O Cristo Redentor também é um cartão postal do Rio de Janeiro”, “O Coliseu é um cartão postal de Roma”, “A Torre Eiffel é um cartão postal de Paris”, e assim por diante.

Mas, uff! Esse vídeo foi um pouco mais longo, mas eu espero que você tenha gostado de aprender junto com o filme Cidade de Deus e comigo aqui ensinando essas partes mais importantes, mais relevantes do filme.

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Mas por hoje é isso, galera. Até a próxima! Tchau tchau.