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Transcrição:

E aí, pessoal do “Time to Learn Portuguese”. Aqui é o Fabrício Carraro de novo e nesse episódio a gente vai continuar o episódio anterior, que a gente estava falando sobre as principais diferenças entre o português do Brasil e português de Portugal.

Mas, como aquele episódio estava ficando muito longo, eu decidi separar em duas partes. Então, aquela parte, a gente viu um pouco mais sobre a história do português no Brasil e a evolução desse português com as imigrações, com as diferentes influências de outros povos. E nesse episódio aqui a gente vai ver as diferenças mais práticas, efetivas, que existem entre o português de Portugal e o português do Brasil hoje em dia. Então vamos lá.

Vamos começar pela pronúncia das palavras, que é a coisa mais notável dessas diferenças, porque é uma coisa que você pode ver no dia a dia, na dificuldade, como eu mencionei, que nós brasileiros temos de entender os portugueses quando eles falam.

Um dos motivos por que isso acontece é porque em Portugal eles comem… eles não pronunciam as vogais átonas geralmente. Ou seja, as vogais que não são estressadas,

que não são tônicas. Então… por exemplo, eu vou pedir pra uma amiga minha falar aqui, uma amiga minha portuguesa, a Manu. Um beijo! Pedir pra ela falar aqui as palavras diferentes. Então, eu vou falar a palavra em português e ela vai falar a pronúncia em português de Portugal. Eu vou falar em português do Brasil, é claro, e ela vai falar a pronúncia em português de Portugal.

Então, uma coisa que você pode notar, uma palavra que você pode notar isso, que as vogais átonas que não tem estresse… elas não são pronunciadas, elas desaparecem, é a palavra “pedaço”, que no Brasil a gente fala exatamente assim. Você pronuncia todas as vogais de uma forma um pouco mais aberta, então: “pedaço”. Já em português de Portugal: (ÁUDIO). Então você vê a diferença entre “pedaço” (Brasil) e “pedaço” (Portugal). Então o “E” inicial ali, ele desapareceu, ele sumiu, porque ele não é tônico, ele não é estressado, então ele simplesmente desaparece.

Outra coisa é a letra “D”, que você vai falar, por exemplo, a palavra “dia” em português do Brasil, né… “Um dia muito bonito”. Em português de Portugal seria: (ÁUDIO). Então, você vê a diferença, né…de “dia” (Brasil) pra “dia” (Portugal). Então, o “D” deles não tem isso. No Brasil, quando a letra “D” vem antes de uma letra “I”, ou na verdade de um som de “I”, ele vira um “dj”. Então, em vez de “d”, ele vira “dj”.

Então, a gente fala “dia” ou “direito”, que em Portugal seria: (ÁUDIO). Então, essa é uma diferença bastante notável também.

E a mesma coisa pra letra “T”. Então, a palavra “tia”, a esposa do tio. A palavra “tia”, ou a palavra “tio” mesmo. No Brasil, o “T”, quando ele vem antes de um som de “I”,

ele é pronunciado como “tch” Então ele muda de “T” pra de “t, t, t” pra “tch”. Então, a gente fala “tia”. Em Portugal, eles falam: (ÁUDIO).

Ou então a palavra “tigre”, né…tem um leão, tem um tigre. Em Portugal, seria: (ÁUDIO). Então, são diferenças que você vai notando, assim, no dia a dia.

Outra diferença muito clara é aquela do chiado, que a gente falou que existe em Portugal e que existe no Rio de Janeiro também. Então, essa foi importada pro Rio de Janeiro. Não é só em Portugal, mas em outras regiões do Brasil não seria assim, como em São Paulo, no sul, mais no centro, não falariam assim. dessa maneira. Então, o normal do português mais de São Paulo, da maioria do Brasil, na verdade, seria falar “escola”, né… Então, o “S”, ele é pronunciado como um som de “S” normal: “escola”. Já no Rio de Janeiro ele vira um chiado, então vira (ÁUDIO). Ou então o “S” no final também do plural das palavras, então: “coisa”, “coisas” (Brasil). Em Portugal, seria: (ÁUDIO). Então, “coisas”, esse “x ” ali no final.

E mais uma coisa é a combinação “SC”, que no Brasil tem esse mesmo som de “S” normal, como se fosse um “S”. Então, a palavra “descer”, que é ir pra baixo, né… Então, subir, descer. Você vai pra baixo. Já em Portugal você fala, você pronuncia essa

palavra como: (ÁUDIO). Então, novamente ai o chiado, né, o “x”. “Descer”. Tem duas coisas, na verdade, nessa palavra. Em português do Brasil seria: “descer”. Então, você pronuncia o “E”, essa vogal aqui, que ela não é tônica, ela não é estressada. Mas em Portugal eles não pronunciam ela, então eles comem ela, ela desaparece, e além disso ainda tem o som de “x”, o chiado. Então, (ÁUDIO) de “descer” (Brasil) pra “descer” (Portugal). É uma diferença muito grande e muito notável também.

Agora vamos mais pro lado da gramática, que uma coisa muito, muito…perceptível da diferença do português do Brasil pro português de Portugal e também dentro do Brasil, é o uso da segunda pessoa do singular. A conjugação… tanto o pronome quanto a

conjugação verbal da segunda pessoa do singular, que é o “tu”, tanto em português de Portugal e do Brasil… é o mesmo, né… A base é a mesma. Mas no Brasil não é tão normal você usar o “tu”. Ou não da mesma forma que em Portugal.

Em Portugal é totalmente normal você usar o pronome “tu” e também a conjugação, né…Então, é… “Tu és”. “Tu vais”, né… Então, usar o pronome “tu” com a conjugação

da segunda pessoa correta. No Brasil, é um pouco diferente. A gente usa muito mais o pronome “você”. Claro, isso varia muito de acordo com as regiões do Brasil,

mas a gente usa muito o pronome “você”, que… ele usa a conjugação da terceira pessoa do singular, não da segunda.

Então você não fala: “você vais”. Você fala: “você vai”. É a mesma conjugação do “ele” e do “ela”. “Ele vai”. “Ela vai”. “Você vai”. Então, é muito mais comum isso, esse “você”, em geral no Brasil.

E o “tu”, ele também existe no Brasil. Em alguns lugares, como no Sul, no Nordeste e um pouco no Rio de Janeiro também. Mas ele é diferente porque muitas vezes

ele é usado da maneira errada. Então, ele é usado o “tu”, o pronome pessoal “tu”, mas com a conjugação do “você”, a conjugação da terceira pessoa. Então, “tu vai”, que é incorreto, o correto seria: “tu vais”, mas é usado assim.

Ou pro passado também: “tu foi” em vez de “tu foste”, que seria o correto. Então, são diferenças muito claras do português do Brasil pro português de Portugal. E, também, um pouco dentro do Brasil mesmo. Essa, da diferença do “tu”.

E, também, essa segunda pessoa com a terceira pessoa do objeto. Se for o verbo “dar”, você vai usar o objeto indireto, você vai dizer: “Eu te dei o livro”. Você usa, mesmo que você tá usando normalmente, a fala inteira: “você, você, você, você”, quando você vai usar esse pronome de objeto, você: “Eu te dei”, você usa a forma da segunda pessoa, equivalente ao “tu”. O correto, se você continuar usando a forma do “você”,

seria: “Eu lhe dei”, mas soa muito formal, ninguém fala assim, pelo menos

na maior parte do Brasil.

Na parte do Nordeste, muitas regiões falam assim, usam o “lhe”, mas na maior parte do Brasil não se usa. Usa o “te”, ou “te”, né…na pronúncia um pouco mais natural. Então, aí uma grande diferença também da gramática.

O segundo ponto aqui gramatical seria o uso desses pronomes, seja pronome de objeto ou pronome reflexivo, que é com verbos. Se a posição deles, nesse uso, se eles vêm antes ou depois. No Brasil, eles geralmente vão vir antes e separados do verbo. Em Portugal, eles geralmente vão vir depois do verbo e junto, com um hífen juntando em uma palavra só.

Então, se você quer dizer: “Me dá a caneta”…”Dá pra mim”… “Me dá a caneta”. Em Portugal, seria: “Dá-me a caneta”. Então, no Brasil: “Me dá”, em Portugal: “Dá-me”. Ele vai pra depois e fica com o hífen juntando as duas coisas.

Um outro exemplo aqui com um verbo reflexivo “apressar-se”, que é fazer alguma coisa com pressa, no Brasil seria: “Se apressa!”. Então, ele vem antes e separado. Em Portugal, seria mais comum: “Apresse-se”. Então, junto e depois.

E um último exemplo aqui no Brasil: “Me faz um favor?” Você vai pedir pra alguém fazer alguma coisa, fazer um favor pra você. Você fala normalmente: “Me faz um favor?” Em Portugal: “Faz-me um favor”. Então, ele também vai lá pro final,

vai depois do verbo e com o hífen pra juntar em uma palavra, em uma coisa só.

O terceiro pontinho gramatical, a terceira diferença gramatical, é o uso do gerúndio no português do Brasil, que isso é muito comum e funciona exatamente igual a outras línguas, como o inglês, como o espanhol, né… Você usa o gerúndio, que é aquele tempo contínuo: “Eu estou fazendo”. Em inglês, seria: “I’m doing”. Em espanhol: “Yo estoy haciendo”. Isso é completamente normal nessas línguas e no português do Brasil também.

Mas em português de Portugal é diferente. Eles não usam dessa forma, eles usam a forma do infinitivo. Então: “a + infinitivo”. Então, “Eu estou fazendo”, no Brasil. Em Portugal, seria: “Eu estou a fazer.” Então, o “Estou fazendo” vira: “Estou a fazer” Então, não existe esse gerúndio. Ele existe em alguma forma, mas ele não é tão usado quanto no Brasil, quase nada usado na língua padrão, na fala de Portugal, e no Brasil só existe ele. Você não pode falar “Eu estou a fazer” no Brasil. Eu vou te entender, as pessoas vão te entender, mas soa muito estranho, soa algo de Portugal mesmo. É uma diferença clara.

Ou então no passado mesmo: “Ele estava bebendo cerveja”. Aqui, mesma coisa, “Ele estava bebendo”. Então, a gente tem o gerúndio. Em Portugal, seria: “Ele estava a beber cerveja.” Então, “estava bebendo” mudou para “estava a beber”. Então, é uma diferença clara, gritante e uma das mais conhecidas entre o português do Brasil e de Portugal.

E o quarto e último ponto mais gramatical aqui é o uso da preposição “em” junto com o artigo. Então, “no” ou “na”, em vez da preposição “a”. Então, quando você vai indicar um movimento, quando você vai pra algum lugar, você… no Brasil é muito comum dizer “Eu vou na escola hoje”. Então, o “em” e “a” vira “na”: “Eu vou na escola hoje”.

Já em Portugal, eles têm o “a” como um pouco mais padrão. Então, “Eu vou à escola hoje”, que é correto também dizer no Brasil, mas na fala não se usa. Você pode escrever assim, mas na fala soa muito formal, soa muito uma coisa de Portugal mesmo.

E por último vai ser as diferenças de vocabulário, que também tem muitas, muitas diferenças de vocabulário entre o Brasil e Portugal, por causa desses motivos que

eu mencionei anteriormente, como as línguas evoluíram de uma maneira separada. Então, a língua portuguesa foi evoluindo de uma maneira. A língua portuguesa do Brasil evoluiu de outra maneira, com influência dos imigrantes, dos imigrantes italianos, dos imigrantes africanos, dos escravos, escravizados, enfim, isso foi evoluin… dos índios também.

Isso foi evoluindo ao longo de muitos anos, ao longo de 500 anos, e hoje a gente tem essas diferenças, que eu vou ler aqui pra vocês pra eu não esquecer de nenhuma delas.

Então, a primeira: “celular”. Um celular, eu tenho aqui. No Brasil, a gente fala “celular”, e em Portugal seria um “telemóvel”. Então, a pronúncia minha, eu estou com

a pronúncia mais brasileira mesmo. Em português de Portugal seria: “telemóvel”, eu imagino. Mas é uma grande diferença. A gente fala “celular”, né… é uma tradução de “cell phone”. Mas em Portugal não, eles fizeram uma coisa mais em português. Então, “telemóvel”, algo como “mobile” – móvel seria algo como “mobile”.

Segunda: “trem”. Um trem, você vai de trem pro trabalho. De metrô, trem, ônibus. Então, “o trem”, é assim que a gente fala no Brasil. Essa palavra em português de Portugal seria um “comboio”. Então, também completamente diferente.

A terceira seria a gíria que a gente usa no Brasil pra falar que algo é bom, que é muito agradável, que em inglês seria “cool”, em Portugal é “fixe”. Então, no Brasil é “legal” e em Portugal é “fixe”.

A quarta palavra diferente aqui é “ônibus”. Eu acabei de falar, né… o trem, que é comboio. O ônibus também não é a mesma coisa. No Brasil a gente fala “ônibus” pra esse meio de transporte, em Portugal eles falam “autocarro”. Então um “autocarro”.

Quinto pontinho: “banheiro”, que você vai fazer suas necessidades no banheiro. Em Portugal seria “casa de banho”. Então banheiro / casa de banho.

O sexto pontinho: o “suco”. Você vai tomar um suco de fruta, um suco de laranja, um suco de maçã. No Brasil é “suco” e em Portugal é “sumo”. Então não é a letra “C”, é a letra “M”. “Sumo”.

O sétimo pontinho aqui vai ser “café da manhã”, no Brasil. É a primeira refeição do dia. Você acorda, toma um café, come alguma coisa, come um croissant, não sei. Então, essa refeição é chamada de “café da manhã” no Brasil e em Portugal é um “pequeno-almoço”. O almoço é a refeição que é feita mais ou menos ali entre meio-dia e uma hora, duas horas da tarde, esse é o almoço. A refeição que é feita antes, de manhã,

no Brasil é “café da manhã”, em Portugal é “pequeno-almoço”.

Oitava palavra aqui, deixa eu ver. Isso aqui também vai pro futebol, então aquele jogador que fica dentro do gol tentando proteger, não deixar que os outros façam um gol, no Brasil é um “goleiro”, em Portugal é um “guarda-redes”. Então goleiro / guarda-redes.

E as duas últimas palavras aqui. A número 09 e a número 10, elas são um pouco controversas até, porque a parte de trás do corpo humano, não vou nem mostrar aqui pra vocês, mas a parte de trás, né… A parte… muito bonita, muito apreciada por muitas pessoas, onde você senta, isso no Brasil é chamado de “bunda”, e essa palavra “bunda” vem de influências africanas, vem de influências de línguas africanas, que vieram com os povos escravizados da região de Angola, do Congo e outras regiões. Então, eles trouxeram essa palavra bunda, para se referir ao seu traseiro, à sua parte de trás.

E em Portugal não veio essa palavra, porque não teve essa influência. Eles falam lá “rabo”. Então “bunda” e “rabo”, é uma grande diferença.

E, por último, a palavrinha número 10 aqui, é quando você vai ficar, por exemplo, na “fila” do banco. Então, você vai ficar uma pessoa, depois, atrás outra pessoa, atrás outra, atrás outra, esperando pra pagar alguma coisa, esperando pra entrar em algum lugar, no Brasil isso é uma “fila”, e em Portugal isso é uma “bicha”.

E “bicha” é uma palavra perigosa que você não pode usar no Brasil porque é ofensiva. É uma palavra que era usada antigamente de uma maneira pejorativa, de uma maneira ruim pra falar sobre pessoas homossexuais. Então, “bicha” é uma palavra que não soa bem, não é bom você usar ela no Brasil. Mas em Portugal é completamente normal, porque ela não tem esse mesmo sentido que tem no Brasil.

Então, eu espero que com esse vídeo você tenha entendido um pouco da origem do português brasileiro, das nossas diferenças internas, as diferenças de palavras, as diferenças dos sotaques dentro do Brasil. E também, principalmente, as diferenças entre o português do Brasil, falado no Brasil hoje, e o português falado em Portugal hoje.

E como eu mencionei no último episódio e lá no vídeo de apresentação também, que eu falo em 8 línguas, a gente sempre vai ter a transcrição em PDF de todos os episódios de conteúdo aqui no canal “Time to Learn Portuguese”. No podcast também, “Time to Learn Portuguese”. Então, você pode baixar, vai estar o link na descrição. Você pode baixar pra você ler o arquivo PDF, ler a transcrição do episódio em PDF e escutar ao mesmo tempo, que esse é um dos métodos melhores que existem pra você melhorar a sua compreensão oral.

Se você tiver qualquer dúvida, deixa embaixo aqui, nos comentários, me manda um e-mail lá no [email protected] e eu vou estar sempre aqui com vídeos novos. Se você tiver algum pedido, pode me mandar também. Eu vou estar sempre aqui pra ajudar vocês a finalmente começar falar português.

Então, muito obrigado pessoal e até o próximo episódio. Tchau Tchau!