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Transcrição:

E aí, galera do Time to Learn Portuguese. Aqui é o Fabrício Carraro de novo, e o vídeo de hoje, eu acho que vai ser muito interessante para vocês, porque ele conta um pouquinho sobre a história do Brasil e como Napoleão causou a independência do Brasil em relação a Portugal.

É uma coisa um pouco maluca, né? Você pode me perguntar: “Fabrício, você está maluco? Napoleão causou a independência do Brasil?”, mas é exatamente isso que aconteceu, e eu vou contar aqui para vocês como isso aconteceu no vídeo de hoje.

Mas vamos lá! Começando lá do começo, o Brasil é um país que, claro, sempre existiu, né? As Américas sempre existiram, tinha muitos povos indígenas morando no Brasil, mas ali nas navegações do século XV, a América foi descoberta e, logo depois, em 1500, o Brasil foi descoberto por Pedro Álvares Cabral, um navegador que estava a mando da coroa portuguesa, né? Dos reis de Portugal.

E aí, o Brasil começou lentamente a ser colonizado. Tinha alguns bens naturais aqui, mas não tinha muitas pessoas de Portugal, né, não tinha uma imigração muito grande, pelo menos ali no começo. Depois, descobriram que plantar coisas no Brasil era muito bom, era muito fácil, tudo crescia muito fácil. E aí, começou a exploração da cana-de-açúcar para produzir o açúcar, que era um dos bens mais caros, mais importantes, nesse mercado internacional, ali no século XVI, século XVII, século XVII.

E aí, no século XVIII, ali em 1700 e alguma coisa, começou a ter ideias do Iluminismo, né, que foi uma corrente de pensamento aí, que levou à Independência dos Estados Unidos, à Revolução Francesa também, é claro, e também, várias pequenas revoluções no Brasil, que queriam a Independência do Brasil, mas eram muito pequenas, tinha muito pouca gente, e nenhum poder bélico, né? Não tinha armas, nada disso, era muito fraco. Então, Portugal sempre ganhava contra essas pequenas revoluções.

Mas aí, no final desse século XVIII, quem estava controlando Portugal era a rainha Dona Maria I, só que ela tinha um probleminha (ou muitos probleminhas), que ela foi considerada louca, maluca pelos médicos lá em Portugal. E por isso, ela teve que sair do trono e, no lugar dela, colocaram o filho dela, Dom João, que a princípio, ele era só Príncipe Regente, porque a rainha ainda estava viva, mas basicamente, ele controlava tudo, era como se ele fosse o Rei – e depois, ele se tornaria o Rei Dom João VI (sexto).

Mas aí você me pergunta: “Fabrício, o que que o Napoleão tem a ver com isso? Você está falando de Portugal”. O Napoleão, ele era um general muito famoso, muito importante da França. E aí, também, nessa mesma época, no final do século XVIII, ali 1790, 80-90, ele começou a ter muitas vitórias para a França, realmente muitas vitórias. Ganhou dos austríacos muitas vezes, conquistou uma parte da Itália, conquistou o Egito também. Então, várias batalhas e várias vitórias.

E com isso, ele começou a se sentir cada vez mais importante, mais relevante, o que era verdade. Então, em 1799, ele resolveu voltar para a França e ele foi aclamado ali como Primeiro-Cônsul, né, para comandar ali. Como Júlio César era o Cônsul de Roma, ele foi eleito ali Cônsul da França. Mas na verdade, ele concentrou todos os poderes nele mesmo. Então, era basicamente como se ele fosse um ditador ou um rei.

E aí, logo depois disso, teve um acordo entre a França e a Inglaterra, porque tinha muitas guerras na Europa, estavam todos os países meio que cansados, esgotados. Então, teve um acordo de paz entre a França de Napoleão e a Inglaterra, né, a Grã-Bretanha, para ter uma paz momentânea ali, mas isso não durou muito tempo, obviamente.

Nesse tempo também, o Napoleão, ele virou Imperador da França, né, ele conseguiu sair de Cônsul e ser eleito Imperador, inclusive, pelo Papa, né, o Papa foi até Notre Dame, lá em Paris, colocar a coroa de Imperador no Napoleão.

E com isso, ele cada vez mais poderoso, ganhando várias novas guerras, ali contra a Inglaterra, contra a Áustria, contra a Itália, ele resolveu criar o “Bloqueio Continental”. O que que é isso? Era um bloqueio contra a Inglaterra, que era o principal inimigo. Ou seja, ele não queria que nenhum outro porto da Europa, nenhum outro país da Europa – conquistado pela França ou sob influência da França, ou mesmo países que não estavam* sob influência da França – que eles não fizessem negócios com a Inglaterra. Nenhum navio poderia sair da Europa Continental até a ilha da Inglaterra. Claro, para enfraquecer cada vez mais a Inglaterra.

E é aí que o Dom João VI volta para a história. Portugal sempre foi um país muito próximo da Inglaterra, sempre fazia muito comércio e, por isso, com esse bloqueio do Napoleão, Portugal ficava numa situação complicada, porque: “A Inglaterra é o meu melhor amigo, mas tem esse conquistador aqui, esse imperador, que ele está falando que ninguém pode fazer negócios com a Inglaterra. O que que eu faço?

E aí, o Dom João VI começou a “DAR UMA DE JOÃO-SEM-BRAÇO” – é uma expressão que a gente usa no Brasil como um sinônimo, mais ou menos, de “fingir”. Ou seja, você está fingindo que está fazendo uma coisa, mas na verdade você não está. Ou o contrário, você finge que não está fazendo, mas na verdade você está fazendo essa coisa. E é isso que o Dom João VI começou a fazer, “dar uma de João-sem-braço”.

Ele começou a falar: “Napoleão, não se preocupa, tudo certo, eu vou te obedecer, eu não vou fazer comércio com a Inglaterra”. E aí, ao mesmo tempo, ele ia lá com a Inglaterra: “Inglaterra, não tem problema, não se preocupa, eu vou continuar a fazer comércio com você. Aqui ó, shh, só não conta para ninguém, por favor, porque eu estou com medo do Napoleão”.

Então, ficou esse jogo duplo aí do Dom João VI com esses dois países. Até que, é claro, o Napoleão percebeu que tinha navios portugueses fazendo comércio com a Inglaterra. E aí, ele ficou muito bravo e resolveu invadir Portugal para tirar o Dom João VI do poder. Ele falou: “Não! Esse cara… quem ele pensa que ele é? Está me enganando assim?

E aí, claro, Dom João VI, muito esperto, fez um acordo com a Inglaterra para ajudar a transferir a corte de Portugal para a colônia mais importante de Portugal, que era o Brasil. Era a colônia mais rica, né, que provia mais bens, como o açúcar e outras coisas também, e também, era um país muito grande, muito relevante. Então, eles fizeram esse acordo.

E aí, o Napoleão realmente invadiu Portugal, e Dom João: “Opa, tchau!”, pegou vários navios, com a ajuda de alguns navios da Inglaterra para proteger todo mundo, e foram todos para o Brasil ali, e eles chegaram no Brasil no começo de 1808.

E claro, o Brasil, como eu disse, era uma colônia – importante, mas era só uma colônia. E com isso, com essa chegada do Rei no Brasil, agora o centro do Reino não é mais em Portugal, o centro do Reino é no Brasil, no Rio de Janeiro, mais especificamente ali, onde eles moravam, né?

Com isso, também teve uma enorme imigração de outros portugueses, não só aquela pequena família do Rei, mas muitas famílias nobres que também tinham medo de serem mortos em Portugal ou de perderem a importância, de perderem algum título, vieram juntos, vieram… era uma estimativa de umas 15 mil pessoas que vieram de Portugal para o Brasil, assim, do nada, de um dia para o outro. Então, isso ocasionou muitas mudanças, muitas, muitas mudanças no Brasil.

E é claro, o pessoal de Portugal não gostou dessa situação, mas aceitaram, porque o Rei deles estava fugindo, né? Se ele ficasse em Portugal, Napoleão ia detonar, ia acabar com esse Rei. 

E aí, passou algum tempo, muitos anos. Lá na Europa, acabou a guerra. Derrotaram Napoleão finalmente, né, em 1814. E com isso, começou a ter um novo governo ali, novamente controlando, tentando organizar Portugal, porque Portugal tinha uma crise muito grande nessa época por causa de todas essas guerras, das invasões e tudo mais. Tinha fome também, né, muitas pessoas passando fome. E por isso, esses portugueses começaram cada vez mais a exigir que o Dom João VI voltasse para Portugal. Não só o Dom João VI, mas também a família inteira dele – a mãe, a Dona Maria louca, a rainha, e também o filho dele, o primeiro filho dele, Dom Pedro de Alcântara – que todos eles voltassem para Portugal.

Mas o Dom João VI não queria fazer isso, ele gostava do Brasil e ele sabia que, em Portugal, tinha muitas pequenas revoluções acontecendo para tentar tirar o poder dele. Então, ele preferiu, num primeiro momento, ficar no Brasil. Mas isso foi cada vez aumentando mais. Mais revoluções, mais pressão em Portugal para ele voltar.

Eles tentaram fazer ainda uma coisa, que é elevar o Brasil, para o Brasil não ser mais uma colônia, mas sim um Reino Unido, né? Tem o Reino Unido, né, United Kingdom, da Inglaterra. Eles fizeram o “Reino Unido de Brasil, Portugal e Algarves”. E isso foi uma tentativa do Rei Dom João VI de acalmar todo mundo, de falar: “Não, está todo mundo junto. Portugal é importante, o Brasil é importante”, mas isso não deixou os portugueses felizes. Eles queriam que o Rei realmente voltasse para Portugal e que o Brasil voltasse a ser colônia.

Mas é claro, ninguém no Brasil queria isso, e o Rei Dom João também não queria isso. Mas não teve jeito, e em 1821, a Revolução do Porto, que é a mais importante de todas essas, conseguiu ali tomar o poder e exigiu… um ultimato para o Dom João VI voltar para Portugal, e ele teve que aceitar, ele teve que ceder, só que ele não voltou com a família inteira. Ele deixou o filho dele, o Dom Pedro de Alcântara, para tomar conta do Brasil como um Príncipe Regente ali, para cuidar um pouco de tudo e tentar continuar no Brasil.

Mas mesmo com essa volta do Rei Dom João VI para Portugal, as pessoas, os portugueses não estavam felizes. Eles queriam que a família inteira voltasse, queriam que o Brasil voltasse a ser colônia. E o Dom Pedro, o filho do Rei Dom João, não queria, ele queria ficar no Brasil. Ele tinha nascido em Portugal, mas ele passou muitos anos da vida dele ali crescendo no Brasil, ele gostava muito do clima.

E também, é claro, se ele voltasse para Portugal, ele perderia todos os poderes dele de “Príncipe Regente do Brasil”. Ele ia ser simplesmente um príncipe qualquer em Portugal, com poucos direitos, antes de o pai dele morrer. E também, essas cortes, esses tribunais em Portugal, estavam tentando tirar os direitos do Rei, do pai dele. Então, ele sabia mais ou menos o que estava acontecendo, qual era a situação.

E por isso, quando teve uma dessas cartas dos portugueses exigindo a volta dele também, aconteceu o “Dia do Fico”, que é um dia muito importante no Brasil, que ele diz a famosa frase: “Se é para o bem de todos e para a felicidade geral da nação, estou pronto! Diga ao povo que eu fico!”, e com isso ele decidiu ficar no Brasil.

Mas novamente, como sempre, é claro, os portugueses não estavam felizes com isso, não gostaram dessa decisão, ficaram muito mais bravos. E aí, mandaram mais umas cartas para o Dom Pedro dando ultimato: “Você tem que voltar para Portugal!

E aí, o Dom Pedro, ele estava visitando a região de São Paulo, a província de São Paulo. Ele estava em Santos, que fica no litoral, na praia. É um porto muito importante. E aí, diz a lenda que o Dom Pedro estava voltando de Santos para a cidade de São Paulo, subindo a montanha, subindo a serra (porque Santos fica na praia e São Paulo fica em cima da serra, em cima da montanha).

Então, ele estava com cavalos, com burros, subindo essa serra, quando ele recebeu algumas dessas cartas aí dizendo desse ultimato, para ele voltar para Portugal, e ele finalmente se rebelou, ficou muito bravo, mas também muito inspirado, e aí, na margem do rio Ipiranga, ele levantou a espada e disse: “Para o meu sangue, minha honra, meu Deus, eu juro dar ao Brasil a liberdade!”, e ele deu o famoso grito: “Independência ou Morte!

Claro, essa é a lenda, mas dizem que alguma parte dela é verdadeira. E com isso, Dom Pedro se tornou o primeiro Imperador do Brasil, Dom Pedro I, e foi assim que Napoleão causou a independência do Brasil.

Mas bom, galera. Espero que vocês tenham gostado desse vídeo um pouco diferente, contando a história do Brasil. Se vocês gostaram, por favor, dá um “Like” nesse vídeo, se inscreve no meu canal, que isso sempre ajuda muito.

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Mas por hoje é isso, pessoal. Até a próxima! Tchau tchau.