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Transcrição:

E aí, galera do Time to Learn Portuguese. Aqui é o Fabrício Carraro de novo, junto com meu grande amigo, poliglota também, Lucas Bighetti. A gente está morando junto aqui na Turquia agora, para quem não sabia, para quem não está me acompanhando no Instagram (não no Instagram do “Time to Learn Portuguese”, mas no meu Instagram pessoal, o “Fabrício Carraro”).

E ele é um dos maiores poliglotas aí de várias conferências, do mundo mesmo, e eu queria fazer algumas perguntas para ele hoje aqui. Ele é brasileiro também. E para ele responder pra gente coisas sobre aprendizado de línguas que podem ser úteis para você que está aprendendo português agora comigo aqui no Time to Learn Portuguese.

  • Então, como você tá, Lucas?
  • Muito bem, obrigado. Obrigado por me convidar para participar. Eu vou tentar falar mais devagar, assim como você fala. Eu não tenho muita experiência falando devagar, então, bom, tentarei falar mais pausadamente.
  • Ok. Então, Lucas, primeiramente, né, eu quero que você fale pra gente quantas línguas você fala. É uma pergunta que poliglotas odeiam, mas fala pra gente quantas, ou melhor, quais línguas você já estudou por algum tempo, que você acha que você poderia ter uma conversa.
  • Eu acho que as línguas nas quais eu já tive pelo menos uma conversa de… 30 minutos? Vamos colocar assim, 30 minutos, 1 hora, provavelmente foram… e num contexto social, não apenas uma aula, mas realmente num contexto verdadeiro, vamos colocar dessa desta forma.

    Bom, o português, claro, minha língua nativa, depois inglês, russo, espanhol, alemão, italiano, polonês, francês, finlandês, ucraniano, croata, norueguês, o holandês, o tailandês, e agora, a grande pergunta é se o turco conta ou não. Estamos agora aqui na Turquia, o turco é realmente uma língua muito difícil. Nós estamos aqui já há quase três meses. Às vezes, quando eu me sinto muito inspirado, eu começo a conversar com as pessoas e… às vezes dá certo, às vezes não dá certo.

    E são basicamente essas línguas, não contei quantas foram exatamente, mas são mais ou menos essas línguas. Tem algumas outras que no passado era um pouco melhor, como por exemplo o búlgaro, eu passei um tempo estudando búlgaro, fui para a Bulgária, passei quase um na Bulgária, estava falando relativamente…é, conseguia conversar com as pessoas, mas depois foram muitas línguas eslavas, o russo, o ucraniano, o polonês, o croata… elas acabaram se misturando.
  • É muito impressionante, realmente, e eu queria, Lucas, que você desse uma dica pros nossos ouvintes, nossos “espectadores” (outra boa palavra), que… como você gosta de aprender línguas, ou melhor, como você recomenda que uma pessoa aprenda uma língua nova como o português? Uma pessoa que não tem muita experiência em aprender outras línguas estrangeiras.
  • Bom, sabe que recentemente eu comecei a aprender armênio, inclusive, eu comecei a aprender armênio com você, e uma coisa que eu comecei a… uma ideia que eu estou testando agora ao estudar armênio é tentar melhorar a minha capacidade natural de reconhecer memorizar palavras em armênio.

    E qual é a estratégia para atingir esse nível de como memorizar palavras com uma facilidade maior? Eu estou apenas lendo ou decodificando palavras e frases. Não, eu não tento memorizá-las, eu não tento de nenhuma maneira encontrar uma associação, um mnemônico. Eu apenas tento ler, entender, né? Ou seja, decodificar, entender o significado e ir para a próxima palavra, ou para a próxima frase, para a próxima frase. Com frases simples: “Eu quero comer”, “Eu sou brasileiro”. E com muitas palavras, não com 100, 200, mas com 2000, 3000 palavras.
  • Ou frases.
  • É, quando eu digo palavra, na verdade, eu quero dizer que é uma palavra e uma frase de exemplo. E porque, depois… por exemplo, eu estou agora fazendo aulas de armênio, e a impressão que eu tenho o tempo todo é: “Ah, eu já ouvi essa palavra antes”, “Ah, eu já vi essa palavra antes”, “Ah, eu já ouvi essa palavra antes”.

    Então, por exemplo, para as pessoas que assistem você, por exemplo, se tivessem uma lista como essa… não precisa tentar entender a gramática que envolve aquela frase, ou se preocupar muito em forçar o cérebro a memorizar aquelas palavras, não! Apenas ler aquelas palavras e aquelas frases, porque mais tarde, ao assistir os vídeos do Fabrício: “Ah, eu já ouvi essa palavra antes”.

    E é quando o cérebro fala: “Aha, essa palavra não é algo fictício, essa palavra existe! Talvez eu deveria memorizá-la”. Porque aí, o processo de aquisição se torna muito mais rápido, se torna muito mais natural.
  • Muito bom, Lucas. E você falou que está usando esse método agora para o armênio e, que eu sei aqui, é a primeira vez que você está usando esse método realmente a fundo, mas é algo que você desenvolveu baseado em como você aprendeu línguas anteriormente, certo?
  • Sim, exato. Isso, na verdade, eu não sei se nós conversamos sobre isso antes, mas eu comecei a pensar sobre esse problema quando eu estava estudando tailandês, porque eu, antigamente, o meu método para aprender línguas era ter uma lista de 200, 300 palavras com frases e usar muito o Anki para memorizar essas palavras.

    E com algumas outras línguas que eram mais próximas do português, do inglês, ou seja, línguas européias, eu repetia uma palavra, sei lá, 5, 6 vezes, eu lembrava. Em tailandês, 5, 6, 10, 20 vezes… eu não… era impossível, eu não conseguia memorizar as palavras, e eu comecei a pensar o por que isso estava acontecendo.

    Porque o problema não era… porque, o que acontece, e que eu vejo muitas pessoas dizerem é: a minha memória é ruim. Só que, pra mim, ficou muito nítido com o tailandês que a minha memória é ruim para memorizar palavras tailandesas, e não que a minha memória ruim. A minha memória é ruim para aprender palavras tailandesas. Por quê? Por que eu posso memorizar uma lista de 100 palavras em russo em 2 minutos, e uma lista de 10 palavras em tailandês eu preciso de cinco dias?

    E aí, a conclusão era que o meu cérebro tinha dificuldades de decompor as sílabas tailandesas, o meu cérebro tinha dificuldade de entender como essas sílabas se formavam. E aí, o que eu fiz foi: eu parei de tentar memorizar, repetir aquelas palavras, e comecei apenas a ler palavras novas.

    Eu perguntava: “Como fala porta?”, aí repetia, “Como que fala isso?”, e eu tinha uma lista enorme de palavras. E aí, com uma certa prática, depois de algumas semanas, o meu processo de memorização de novas palavras melhorou muito em tailandês. E aí, eu falei: “Hmm…deveria usar esse método para aprender não apenas tailandês, mas todas as outras línguas, porque, provavelmente, o que acontece é que: a minha memória, ela é ruim ou boa dependendo do quão bem eu consigo decompor ou decodificar as sílabas dessa língua.

    Então, por exemplo, em português, se eu escuto uma palavra nova, eu não penso: “Ah, eu vou colocar essa palavra no Anki e daqui a dois meses eu vou lembrar dessa palavra”, não, eu simplesmente aprendo a palavra.

    O que acontece também com o russo. Eu nunca usei o Anki para aprender russo. Na verdade, eu quis algumas vezes criar um deck, “Não, eu vou estudar essas palavras”, mas normalmente o que acontecia é que as palavras… eu conseguia memorizar essas palavras de uma maneira quase automática.

    E aí, eu pensava: “Por que que eu consigo memorizar essas palavras em russo, mas não em… sei lá, turco?”. Eu acho que era porque eu conhecia muitas palavras em russo e não conhecia muitas palavras em turco.

    E aí, a conclusão de toda essa história longa é que, para melhorar a sua capacidade natural de memorizar palavras, não usando associações, mnemotécnicas, não. A sua capacidade inata de memorizar palavras novas corresponde à sua capacidade natural de decifrar palavras, os sons das sílabas que formam as palavras na língua que você está estudando.
  • Excelente, excelente conteúdo. Esse é só o primeiro vídeo, a primeira entrevista que eu vou fazer com o Lucas. Vão ter outras no futuro também. Espero que vocês tenham gostado aqui.

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  • E a gente se vê na próxima. Até mais, pessoal! Tchau tchau.
  • Abraço!