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Transcrição:

E aí, galera do “Time to Learn Portuguese”! Aqui é o Fabrício Carraro de novo e hoje a gente vai ver oito dos erros mais comuns que os brasileiros cometem falando português mesmo, a nossa língua nativa, porque é a nossa língua, claro, a nossa primeira língua, mas mesmo assim existem aqueles erros que são muito comuns na fala, na escrita também, é claro.

Mas eles são ocasionados, eles acontecem, por causa da fala. A gente aprende primeiro a falar como criança e depois você aprende a escrever, você vai pra escola, etc. Mas a maioria desses erros, eles são causados por causa disso, porque você aprende na fala e muitas vezes aprende errado, porque a gente usa de uma maneira na fala e usa de outra maneira na escrita. Incorreto, seria, é claro, mas acontece.

Então vamos começar já primeiro, nosso primeiro erro aqui, muito comum, que é a diferença entre “onde” e “aonde” em português, que ela existe em outras línguas também, como em espanhol, que seria o “donde” e o “adonde”, mas em português muita gente nem conhece essa diferença, ou usa um no lugar do outro, usa “aonde” no lugar de “onde”, ou “onde” no lugar de “aonde”, usa os dois como se fossem a mesma coisa, na verdade. Isso é muito, muito comum.

O que acontece, qual é essa diferença? O “onde”, ele deveria ser usado pra falar de localização, de estado. Então: “Onde você estava ontem?”, “Onde você está agora?”, né? O verbo… junto com o verbo “estar”, é muito comum que é o verbo que indica o seu estado, a sua localização. Mas o “aonde”, que é essa outra palavra, ela indica movimento. Então “onde”: localização, “aonde”: movimento.

Então, “aonde você foi?” Aqui com o verbo “ir” no passado, né? “Aonde você foi ontem?”, ou então, “Salvador que foi aonde os portugueses chegaram no Brasil”. Então o verbo “chegar” aqui, também é um verbo que indica esse movimento, né? Então a gente usa o “aonde” e não o “onde”. E isso é uma cosa, como eu falei, que nós brasileiros muitas vezes trocamos. Usamos um no lugar do outro, sem diferença, de uma maneira errada, é claro, mas é muito, muito, muito comum.

Tem até uma música muito famosa da banda NX Zero, que o cantor, o vocalista da banda, ele canta: (ÁUDIO)… “Aonde estiver”… Muito melhor do que eu, é claro, que não sei cantar, mas ele canta “aonde estiver”, aqui com o verbo “estar” no subjuntivo, que é errado. E tanto que o título da música tá escrito da maneira certa, tá escrito: “Onde estiver”, mas ele canta: “aonde estiver”. Soa melhor na música, porque tem uma sílaba a mais, então uma coisa, uma liberdade poética, talvez. Mas indica muito bem esse erro que nós brasileiros cometemos muitas, muitas e muitas vezes.

O segundo erro desses é com a palavra “mais” e a outra palavra “mas”. Se você não ouviu nenhuma diferença, é porque não tem mesmo. Na pronúncia, é muito comum não existir essa diferença das duas palavras, mas uma dessas palavras é essa que eu acabei de usar, que é o “mas” sem a letra “i”. É: “m + a + s”, que é o “mas” indicando uma contradição. Algo que você estava falando uma coisa e agora você vai falar alguma coisa contrária, né? Então, você tá falando, por exemplo: “Ele não foi no jogo, mas ele foi na festa.”

Então você tá indicando essa contradição e você escreve “m + a + s”. Não tem a letra “i”, mas a gente pronuncia essa letra “i” por razões históricas. É assim que a gente pronuncia na maior parte do Brasil: “mais”.

E tem o outro “mais”, que esse indicando uma adição. Você está adicionando alguma coisa, então 2 mais 2 é igual a 4. Então, algo mais ou menos assim. O sinal de mais (+) em português. Então, esse aqui é o segundo errinho muito comum, que é o “mais” com a letra “i” e o “mas” sem a letra “i”, e muitas pessoas vão escrever sempre “mais” com a letra “i”, mesmo quando seria o outro “mas”, o “mas” sem a letra “i”. Então, é um erro de escrita, esse aqui principalmente.

O terceiro errinho é uma coisa que ocorre mais na região de São Paulo, que é o uso do plural… o não uso do plural, na verdade. Por razões históricas, como eu expliquei em um dos vídeos passados, aqui no “Time to Learn Portuguese”, esse plural do italiano, né? Os imigrantes italianos vieram pra São Paulo e, na Itália, não existe o plural com “S” como existe em português normalmente, como existe em espanhol, como existe em inglês, não. Em italiano o plural não tem a letra “S”.

Então, teve essa imigração enorme italiana na região, principalmente, de São Paulo, do Paraná também, e aí virou comum você fazer o plural sem a letra “S” na fala. Na escrita, é lógico que você vai escrever da maneira correta, mas na fala você vai falar sem a letra “S”.

Então, um exemplo aqui: “Os cara foram no show ontem”. Essa palavra “cara” é uma gíria que significa um homem, um rapaz, um jovem, que em inglês seria: “a guy”. Então, “The guys went to the concert yesterday”. Mas aqui você tá vendo que eu usei “os cara”. Deveria ser “os caras”, né, porque é um plural, mas como tem essa coisa de São Paulo, a gente muitas, muitas, muitas vezes usa esse plural sem a letra “S”, então a gente fala “os cara” em vez de “os caras”.

Outro exemplo: “as coisa”. Então “Onde estão as coisa?” – você fala “as coisa”, que é errado, mas… o certo seria “as coisas”, mas mesmo assim a gente usa “as coisa”, por causa dessa diferença de como a gente usa o plural, principalmente na região de São Paulo. Então esse é mais um erro de fala, não é um erro de escrita. Na escrita a gente escreve corretamente, mas na fala a gente usa de uma maneira errada.

O quarto pontinho aqui, o quarto erro que a gente vai ver é a diferença da palavra “mal” e a palavra “mau” que, novamente, não tem nenhuma diferença na fala. É exatamente a mesma pronúncia, mas tem uma diferença aqui na escrita e na gramática também, porque uma delas é um adjetivo e a outra é um advérbio.

Então, vamos ver primeiro o advérbio aqui, que é o “mal” com a letra “L”. Por que que a pronúncia é igual? Porque “L” no final de uma palavra, no final de uma sílaba em português, ela é sempre lida como “U”, é exatamente o mesmo som de “U”, então por isso tem essa confusão. E aqui você pode dizer o advérbio com a letra “L”: “Ele fala (português) mal” ou “Ele escreve muito mal”. Aqui é um advérbio, ou seja, ele tá qualificando o verbo: “ele escreve”, “ele fala”, e aí você escreve com a letra “L”.

E o outro é o adjetivo, que aí você escreve com a letra “U”, né? Então: “Ele está de mau humor” – você escreve com a letra “U”, e a diferença aqui… vai fazer a diferença com o “bom” e o “bem”.  Então: “bom humor” = “mau humor”, né? “Bom” com “O”, “mau” com “U”. E o outro seria, “Ele escreve mal”, com “L” – “Ele escreve bem”, aí aqui é o “bem” que é o advérbio, não é o adjetivo “bom”.

O quinto erro aqui vai ser a diferença entre “tem” e têm”, que aqui, novamente, a pronúncia é exatamente a mesma, exatamente igual, mas na escrita é diferente e por isso muitas vezes a gente nem pensa nisso. É um problema de conjugação de verbo. É o verbo “ter” aqui. Ele, na terceira pessoa do singular, ele é escrito normal: “t + e + m”, uma letra depois da outra, mas na terceira pessoa do plural ele tem um acento, o acento circunflexo, que é aquele chapeuzinho que vai em cima da letra “E”. Então: “ele tem” – “eles têm”.

A pronúncia é a mesma, mas o “eles” no plural, como ele usa no plural, tem esse chapéu pra fazer a diferença e é uma coisa que muitos brasileiros nem sabem, na verdade, que tem essa diferença, porque a gente aprende como criança isso, essas conjugações, mas com o tempo você esquece, você não lembra mais. Então, muita gente escreve errado, escreve o plural sem esse acento circunflexo, sem o chapeuzinho e esse é um erro muito, muito comum de escrita em português.

O pontinho número seis, o erro número seis, que a gente vai ver aqui hoje é o “a” e o “há”. Novamente, a pronúncia é exatamente igual, mas um deles é a letra “a” e o outro é a conjugação do verbo “haver”, e ele é usado pra falar, geralmente, sobre a existência de algo, ou então pra falar sobre o passado, há quanto tempo isso aconteceu.

Você pode falar, por exemplo: “Isso aconteceu há cinco anos” ou “Há muitas pessoas aqui nessa festa”, por exemplo. Esses dois exemplos que eu dei, a gente usa o “há” do verbo “haver”, então é “h + á” (com acento). Mas muita gente, simplesmente, eles pensam no jeito da pronúncia e aí eles escrevem simplesmente a letra “a” sozinha, e é um erro muito, muito, muito comum. Você vê em textos pessoas escrevendo: “Isso aconteceu a cinco anos”, com a letra “a” sozinha, quando o correto seria com a conjugação do verbo “haver”: “há cinco anos”, com “h + á” (acento).

O sétimo erro aqui muito comum vai ser um erro com o verbo “fazer”, com a conjugação do verbo “fazer”, mas aqui é um erro mais de gramática, porque o verbo “fazer”, ele pode ser usado pra falar sobre o tempo, né, como o verbo “haver” que eu acabei de falar. Então “há cinco anos”, você pode dizer também “faz cinco anos que isso aconteceu”, mas muita gente conjuga esse verbo no plural. Fala: “fazem cinco anos que isso aconteceu”, e isso é errado.

Porque o verbo “fazer”, quando a gente usa ele com esse sentido de tempo, ele nunca vai pro plural. Não importa se faz um ano ou se faz cinco anos, sempre você vai usar a forma da terceira pessoa do singular, nunca “fazem”. Mas muita gente não pensa nisso, nunca aprendeu talvez, também, ou não se lembra, e aí eles usam com a forma do plural, “fazem cinco anos”, “fazem dez anos”, que é errado. O correto seria: “faz um ano”, “faz cinco anos”, “faz dez anos”.

E o oitavo e último erro que a gente vai ver aqui hoje que brasileiros cometem com muita frequência é também causado por causa da pronúncia, que é a diferença da letra “J” e da letra “G”. Porque em muitas vezes, muitas situações, elas têm o mesmo som. Por exemplo, aqui na palavra “viagem”, se você vê a palavra viagem, ela é escrita com a letra “G” e depois vem uma letra “E”. Mas, por exemplo, o verbo “viajar”, ele não é escrito com a letra “G”, ele é escrito com a letra “J”. Por que isso?

Imagina… a letra “G”, ela tem uma situação que ocorre com ela que você… olha as sílabas dela! Então, se você for ver como você pronúncia. “G + A” seria “ga”. “G + E” seria “ge”. “G + I “seria “gi”. “G + O” é “go”. E “G + U” – “gu”. Então “ga – ge – gi – go – gu”. Então, isso é uma coisa que ocorre em português, ocorre em algumas outras línguas também, que essa é a mudança da consoante.

Então, se você fosse escrever, por exemplo, “viajar” com a letra “G”, “GA”, seria “viagar”, não faz muito sentido. Então, a gente muda e coloca o “J”, que também tem esse som de “ji”. A gente quer manter o som. Então, pra não mudar de “viagem” pra “viagar”, você muda a consoante, mas mantém o mesmo som de “j”, então “viajar”.

E por isso você vai ver muitas pessoas escrevendo “viagem” com a letra “J”. “Viagar” eu acho que quase ninguém vai escrever, porque é muito claro essa diferença do som de “g”, mas o “viagem” com “j” é muito comum, porque ambas as letras, tanto o “G” quanto o “J” podem ter esse som de “ji”, e é uma coisa que ocasiona, que causa esse problema aí de escrever, por exemplo, “viagem” com “J”, que seria errado.

Mas por hoje é isso pessoal! Espero que vocês tenham aprendido coisas novas aqui e que não cometam esses erros aqui no futuro.

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Então, até a próxima pessoal, tchau tchau!