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Transcrição:

E aí, galera do Time to Learn Portuguese. Aqui é o Fabrício Carraro de novo, e hoje estou aqui com esse meu grande amigo, John Becker. A gente vai falar um pouco sobre aprendizado de outras línguas, sobre o estudo. Ele também é brasileiro, e a gente está aqui na Polônia agora pra um grande evento, o “Polyglot Gathering”, mas não é esse o tema do vídeo.

Na verdade, a gente vai falar um pouco sobre a vida dele como professor de línguas estrangeiras pra brasileiros.

  • João, de onde que você é do Brasil, primeiramente?

  • Eu sou da pequena e pacata cidade de Miracema do Norte. Morei a vida inteira na cidade de Palmas, capital do Tocantins, e agora moro em Curitiba.

  • Legal. E há quanto tempo você é professor?

  • 10 anos.

  • Tá, e nesse tempo todo, como é que foi, né? Você começou, eu imagino, como professor de inglês, né? Como é que foram esses primeiros anos dando aula de inglês? Era presencial? Era online? Como funcionava?

  • Quando eu comecei a dar aula de inglês, eu estava, na verdade, terminando o terceiro ano do Ensino Médio, e tinha uma escola perto da minha casa, que era uma escola de reforço escolar. E aí, eu comecei a dar umas aulas nessa escola, porque eu queria ter o meu dinheirinho, né? Todo garoto de 17 anos quer ter o seu dinheirinho pra sair com os amigos, fazer algumas coisas, sem ter que ficar pedindo pro pai e mãe, dinheiro toda hora. E aí, logo que eu comecei a faculdade, eu já comecei a trabalhar CLT, né, numa escola… numa franquia de escolas de inglês que tinha na minha cidade. Esse foi o meu primeiro emprego formal, eu já comecei como professor de inglês lá. Tinha, né, mal feito 18 anos de idade, já era professor de inglês, carteira assinada, e por alguns bons anos eu fiz… fui professor de inglês assim, tradicional, escola, livro, né, sala de aula em formato de “U”, mais ou menos nesse formato.

  • Como que você vê no Brasil a questão do ensino de inglês nas escolas “normais”, né, nas escola que você estuda da primeira série até o final do Ensino Médio, e nas escolas de inglês?

  • Nas escolas… o inglês de escola mesmo, né, que você faz lá junto com história, geografia e aula de inglês, eu percebo que é algo muito focado em preparar o aluno pra passar no ENEM, pra passar no vestibular. Você, na verdade, você não está aprendendo inglês, você está aprendendo a passar numa prova que você vai fazer, ali, quando tiver uns 17, 18 anos. Já o inglês das escolas de inglês, ele, assim, não é um cenário “mundo ideal” ainda, mas ele já é… tem um ponto, um aspecto positivo, é que os alunos praticam conversação, né, que acho que qualquer pessoa que trabalha com ensino e aprendizado de línguas sabe que é um ponto chave, assim. A alma do negócio é a prática direta, e é um ponto que eles já trabalham. Apesar de ‘N’ probleminhas, eles têm esse grande diferencial, que é trabalhar um pouco, ali, a conversação entre os alunos, aluno-professor, aluno com aluno, dentro de sala de aula.

  • Entendi. E bom, você também é um poliglota, né? Mostra aí a tatuagem. Tem as línguas que ele fala aqui, bem legal. E como foi essa migração do inglês, pra você começar a aprender outras línguas primeiro, e aí, ultimamente, a ensinar outras línguas também?

  • É, pra mim foi tudo muito rápido, né, foi tudo muito recente na verdade. Até o ano de 2019, eu falava só inglês. E aí, em janeiro, ali, de 2019, eu me lancei um desafio no Instagram, eu falei assim: “Agora eu vou aprender outros idiomas”. E de lá pra cá, né, eu fui dos… eu falava 2, agora eu falo 7 idiomas, atualmente. Eu acho que a principal coisa que mudou, assim, é que antes eu era o “João do inglês”, pros alunos, pra todo mundo que me conhecia na minha cidade, né, tipo assim, eu era o “Teacher John”, né? Ou pra alguns o “Tchitcher”. E aí, quando eu comecei a me aventurar, ali, com o francês, aí depois veio o alemão, depois veio o italiano, depois o russo, o espanhol, uma língua atrás da outra; de repente, eu deixei de ser o menino do inglês e virei o “John dos idiomas”, né? Nossa, aí, uma série de coisas aconteceu, e acho que a principal mudança foi quando eu parei de dar aula de inglês, né, tipo assim, vou ensinar a gramática, a regra tal, x y z, e quando eu comecei a ensinar a aprender. Acho que essa foi a maior mudança, assim, porque foi só quando eu comecei a eu me colocar nessa posição de aprendiz de novo, várias vezes, né, uma língua atrás da outra, foi aí que eu realmente consegui entender de verdade, eu acho que, as dificuldades que os meus alunos de inglês tinham lá, lá atrás, e através disso, eu consegui falar assim: “Tá, eu consegui chegar à conversação nesses X idiomas aqui, então, eu consigo explicar o que eu fiz, eu consigo ensinar eles, né, tipo, como que eu fiz imersão? Como que eu estudei? Como que eu pratiquei conversação e revisei essas conversas, né? E aí, dos últimos três anos pra cá, o que eu fiz foi isso, foi aprender esses vários idiomas, né, melhorar todos os idiomas que eu falo e ensinar a aprender, não dar aula de inglês, ou dar aula de aula de espanhol, de francês, alemão, italiano, mas ensinar a aprender o idioma que a pessoa quer.

  • E uma última pergunta aqui, pra gente fechar o vídeo. Qual você acha que é a principal dificuldade dos alunos brasileiros ao aprender outros idiomas estrangeiros?

  • Acho que a maior dificuldade é… a Kató Lomb, ela fala disso no livro dela “How I Learn Languages”. É uma hiperpoliglota húngara, grande nome, aí, desse universo. Ela falou no livro dela que existe um negócio chamado “resistência”, né? O Steve Kaufman também fala disso no livro dele, no “The Way of the Polyglot”, acho que é isso. E eles falam sobre essa resistência que existe muito no Brasil e que não existe tão forte, assim, por exemplo, aqui nos países da Europa, que é a questão de, tipo assim: “Ah, lá todo mundo fala só português, então, tá tudo bem”. E aí, a resistência pra aprender um segundo idioma é muito grande. Na Alemanha, todo mundo meio que de praxe já fala inglês lá, alemão, inglês e às vezes um terceiro idioma, então, lá não tem uma resistência pra isso, eu vejo, assim. As crianças, elas estão ali já com 4, 5, 6 anos, elas meio que já estão falando, ali, 2, 3 idiomas, então, é uma coisa natural. Eu acho que essa… esse psicológico de entender, assim, às vezes e lidar com isso, eu acho que é uma dificuldade pros brasileiros. Não é o inglês ser difícil, ou o espanhol ser difícil, ou qualquer idioma ser difícil, é mais a questão cultural mesmo.

  • Entendi. Galera, muito legal, muitas dicas bacanas. Espero que vocês tenham gostado aqui desse vídeo com o John.

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Até a próxima, galera! Tchau tchau.