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Transcrição:

E aí, galera do Time To Learn Portuguese. Aqui é o Fabrício Carraro de novo, e o vídeo de hoje vai ser especial, porque eu vou falar com uma pessoa que é muito especial, uma amigona minha, a Alla, que ela é da Rússia, mas ela fala português fluente, muito fluente mesmo, e eu queria trazer ela aqui para falar com vocês, para mostrar para vocês como ela aprendeu português e também, especificamente, como ela passou na prova de proficiência do CELPE-BRAS, né, que é a prova quando você quer provar o seu nível de português, pelo menos no Brasil. Então deixa trazer ela aqui.

[Fabricio] Oi, Alla. Tudo bem?

[Alla] Oi, pessoal do canal; Oi, Fabrício. Tudo ótimo, e você?

[Fabricio] Tudo ótimo. Então, começando aqui, queria que você falasse quem você é, né, eu já falei que você é da Rússia, mas conta para a gente quem você é e porque você decidiu começar a aprender português.

[Alla]  Bom, vamos lá. Eu sou russa de Moscou, faz 8 anos que eu moro aqui no Brasil. Quando eu cheguei aqui, eu não falava nada, nada de nada de português e, assim, nunca foi meu objetivo, pra ser bem sincera, né, nunca pensei. Na verdade, os russos também não conhecem do Brasil e têm totalmente… pouco conhecimento, né? Eu acho que tanto quanto os brasileiros sobre a Rússia. Na verdade, foi um movimento da vida. Eu estudei na Rússia, conheci meu marido na Bélgica, que é brasileiro, e a gente decidiu se mudar para cá.

E para mim, assim, aprender a língua do país onde eu vou morar é essencial, né, porque a língua é algo que te conecta, que te traz mais próximo das pessoas. Eu não conseguia imaginar morar num país e não falar. Então, antes de vir, eu fui procurar um curso na Rússia, não encontrei, eu encontrei um curso, era uma turma acho que de quatro pessoas, assim, e quase fechando, porque depois duas dessas pessoas desistiram.

E aí, eu fiquei meio que procurando na internet, mas, assim, quando eu vim para ficar, eu falava muito pouco e, assim, eu conseguia ler, porque, né, eu já falava inglês, eu sou formada em Linguística, né, eu sou… pela graduação, eu sou professora de línguas… de português, opa… português não, ainda não… inglês, francês e russo.
E enfim, então, eu já tinha um pouco de facilidade, não vou mentir, né? Sabia já ler, mas, assim, das palavras eu sabia falar “Oi, tudo bem?” e talvez, eu não sei por que, eu aprendi todas as cores. Não me ajudou em nada, mas eu sabia falar todas as cores, e é isso.

E aí quando eu vim para morar eu falei: “Eu preciso aprender!”, porque eu ia na padaria e tentava me explicar em inglês, não rola. Você vai lá chamar um táxi, o cara não fala. E fora que eu sempre queria conhecer, eu tenho muita curiosidade em pessoas, em cultura, então eu falei: “Não, é obrigatório. Eu não posso morar aqui sem falar”. Fora que eu queria trabalhar, né, não queria ficar parada. Então, assim que começou a minha jornada.

[Fabricio] Legal. E bom, você achou que foi muito difícil esse aprendizado? Quando você chegou sem falar nada. Ou foi relativamente tranquilo?

[Alla] Olha, eu confesso que foi relativamente tranquilo. O mais difícil, acho que em qualquer língua, não só em português, é você quebrar a timidez, medo de errar. Isso é o mais difícil, porque você vai acumulando muito facilmente as palavras, especialmente quando você mora no país. Eu acho que o melhor caminho para você aprender é morar no lugar onde se fala essa língua.

Então, assim, o problema é a primeira quebra de barreira, assim, eu não sei é uma barreira mental, você que pode falar melhor, né, qual que é a mecânica disso, mas eu acho que a gente tem muito medo de errar, a gente não gosta de ser julgado. Então, o mais difícil é começar a falar as primeiras frases, né? Então, eu sempre falo que as minhas primeiras experiências foram com taxistas, e os caras são extremamente abertos, as pessoas aqui no Brasil ajudam também.
Então, foi difícil quebrar a barreira, mas eu fui quebrando com as pessoas aleatórias, assim, porque eu sabia que eu estou lá só 10 minutos, saio, e nunca mais ele me vê, e é assim que comecei.

Mas eu confesso que foi rápido, porque eu tinha muito claro o meu objetivo final que não era aprender a língua. Aprender a língua para mim foi uma ferramenta. Então, sabendo muito claramente por que eu fui indo e eu nem… assim, foi muito rápido até que depois de menos de um ano, eu cheguei em 2013, em 2014 eu já consegui entrar na faculdade aqui no Brasil.

[Fabricio] Para estudar 100% em português?

[Alla]  Sim, foi uma pós em uma faculdade aqui de São Paulo. E foi a primeira, assim… um receio que eu tive, porque eu falei “E se eu chegar lá e não entender nada? E se não conseguir…” porque eu já tinha vida aqui, tinha alguns colegas que eu falava em português, mas nunca fiz assim, ah… curso, sabe? Fora que tinha monografia depois, eu morria de medo. Mas a primeira aula que eu fiz, entendi tudo, e falei “Ah, agora vai”. Então, foi…Não vou mentir, foi relativamente rápido, porque eu tinha, vamos dizer, objetivos maiores na frente.

[Fabricio] Com certeza. E bom, mais especificamente disso, né, dessa parte mais técnica, assim… Para entrar na faculdade você precisava desse certificado do  CELPE-BRAS, ou foi uma decisão sua, porque você queria fazer?

[Alla] Não, CELPE-BRAS para mim foi totalmente necessário por dois motivos. Primeiro, para entrar na faculdade é obrigatório, porque é exigido pelo MEC, né? MEC que fala? Ministério da Educação. E segundo, para você tirar a cidadania, você precisa também ter a…. hoje eu acho que não é o CELPE-BRAS que é obrigatório, na época era só o CELPE-BRAS.

Hoje você tem outros jeitos de provar que você também fala, por exemplo, você tendo um certificado de conclusão de algum curso aqui, também comprova que você fala, mas na época que eu estava vendo, era só CELPE-BRAS. Então esses eram dois objetivos? para poder revalidar o meu diploma, é necessário para entrar na faculdade+ e para poder me estabelecer aqui. Então não era coisa “Ah eu queria muito porque, por querer”. Não, foi para conseguir outras coisas, vamos dizer.

[Fabricio] E você se preparou muito para esse exame, ou você foi “Ah, eu já estou falando, então eu vou tentar fazer de primeira?

[Alla] Não, eu fui me preparar. Antes, quando eu cheguei, ainda não sabia direito o que fazer né? Eu vim sem trabalhar, então, eu tive que me estabelecer, então enquanto eu estava nesse período entre “cheguei” e “buscando trabalho”, foi um período curto, acho que de alguns meses, eu ingressei numa escola aqui, e acho que mais para conhecer as pessoas, porque eu era… não tinha muitos amigos. Então, lá eu comecei a fazer as primeiras amizades internacionais, né?

E aí, na mesma escola, eles tinham um curso também de preparação de CELPE-BRAS. Então, naquela época eu já sabia me expressar e, assim, CELPE-BRAS é uma prova, né, então às vezes você até pode ser fluente em língua, mas sem saber o que te espera e quais são dicas né, você pode falhar.

[Fabricio] Sim, mesmo um brasileiro, um brasileiro for fazer o CELPE-BRAS, ele pode falhar.

[Alla] Pode. Não que é é seu conhecimento que está mesmo testado, né? Claro, mas você consegue decorar alguns padrões, você consegue saber como fazer. Então, eu fui porque eu queria saber como funcionava, quais são as dicas, né? Então eu fiz eu não lembro quanto tempo, não vou mentir, mas eu acho que foi uma coisa de um mês, mais ou menos, com lição de casa em casa, com certeza. Então, a gente levava provas para casa, treinando, e nas aulas a gente só ficava discutindo, era assim.

[Fabricio] E como que foi a prova? Você achou difícil quando você chegou lá? A parte gramatical ou a parte de listening, né, de escuta, ou não?

[Alla] Ah bom, vamos lá, faz tempo já né, faz 7 anos, eu acho que faz isso, talvez alguma coisa até mudou. Que eu lembre, primeiro, a dificuldade é que tem datas específicas para fazer a prova, se eu não me engano. Então, eu não sei como agora com pandemia, provavelmente teve ano sem, mas eu lembro que eu estava bastante nervosa, porque tinha que ir num lugar e ficar esperando, tinha que entrar na fila, não podia perder, porque tinha poucas vezes por ano, acho que uma ou duas vezes, ou seja, se eu perdia, eu só podia fazer ano que vem, e aí eu já perdia a oportunidade de tirar a cidadania, de tirar… de poder estudar.

Acho que essa foi a maior preocupação, porque a parte de teste, o que eu lembro tinha duas principais partes: primeira parte testa a sua compreensão de listening, né, como você consegue compreender a fala. Na mesma parte, você tinha que responder perguntas de acordo com o que você ouviu, e tinha uma parte que você tinha que escrever como se fosse um… é, um texto, né, um texto coerente para contar sobre algum tema que você… eu acho que cada ano eles mudam. Se eu não me engano, o meu foi sobre os meus hobbies, alguma coisa assim, sobre o que eu gostava de fazer.

E essa prova é longa, eu acho que tudo isso demora de 2 a 3 horas, se eu não me engano. É uma prova que você consegue com calma, sentar, pensar e tal. E tem a segunda parte, tudo no mesmo dia. Eu acho que você consegue sair para almoçar e voltar… é que eu posso estar esquecendo alguma coisa, mas eu lembro que eu fiz no mesmo dia. É a prova oral, onde eles testam como você fala mesmo. Essa prova é mais curta, eu acho que são 20 minutos.

E aí você tira um papel, então eles colocam papeis na sua frente, você tira um tema que você tem que elaborar. Falar sobre, responder às perguntas, eu acho que era isso. O que eu ficava mais nervosa era essa parte oral, porque a parte escrita eu já estava mais preparada, eu já treinava, fora aquela barreira que eu falei, né, de você estar com medo de pisar na bola, fazer alguma coisa errada. Então.. mas na época, eu lembro que eu… não sei se o pessoal sabe dos quantos níveis, como que funciona, porque são quatro níveis, né? Que você pode receber.

[Fabricio]  Nem eu sabia.

[Alla] Então, tem quatro… porque assim, eu acho que tem mais, mas você é certificado quando você começa a partir do intermediário. Então, você vai receber o certificado se você conseguir todas as notas para passar a partir do intermediário, tudo que é para baixo, infelizmente, você vai ter que refazer no próximo ano. E aí era intermediário, intermediário superior, avançado e, se não me engano, avançado superior. Na época, depois de um ano, eu recebi já intermediário superior.

[Fabricio] Legal!

[Alla] E as minhas…. Por exemplo, eu tinha uma colega minha da Argentina, ela tirou avançado junto comigo. Então… e a gente estudou bastante, a gente… estudamos juntas.

[Fabricio]  E qualquer um desses níveis já era suficiente para você entrar na faculdade e fazer a validação do diploma?

[Alla] Isso. A partir do momento que você já é classificado como intermediário, já é suficiente para você entrar na faculdade e, no meu caso, tirar a cidadania.

[Fabricio] Perfeito, Alla. Muito obrigado! Era basicamente isso o nosso papo aqui hoje, porque a gente não pode ficar muito longo aqui também.

[Alla] Ah, que pena!

[Fabricio] É! Mas foi muito interessante. Obrigado por participar. E vocês ai de casa, pessoal, se tiverem alguma dúvida, podem escrever para a Alla, eu vou deixar o contato dela aqui na descrição do vídeo também.

E claro, se você quiser apoiar o canal Time To Learn Portuguese, você pode me apoiar no Patreon. Você pode também baixar totalmente grátis aqui na descrição o meu ebook e audiobook “COMO APRENDER PORTUGUÊS”, que tem vários desses métodos e técnicas, alguns deles que a Alla mencionou inclusive, que eu usei e que ainda uso para aprender línguas estrangeiras, e que você pode usar para aprender português.

Então até a próxima, galera. Tchau tchau!

[Alla] Tchau, pessoal!